O Espaço Entre Nós, dirigido pelo britânico Peter Chelsom, de Dança Comigo? (2009), está em cartaz nos cinemas brasileiros desde ontem. Orquestrado como uma espécie de romance jovem-adulto (ainda que não seja uma adaptação literária), o filme é uma mescla mal ordenada de diferentes filmes que vimos nos últimos tempos. Em suma, é como se a obra de Veronica Roth (Série Divergente) colidisse com a de John Green (A Culpa é das Estrelas) e flertasse com Perdido em Marte.
Apesar de todos os defeitos que o longa possui, é inegável que a premissa é interessante. Uma equipe de astronautas viagem a Marte com o objetivo de dar início a um processo de colonização do território. A líder da expedição (interpretada por Janet Montgomery, da série This Is Us) não sabe que está grávida, descoberta que ocorre durante a missão. Ela acaba falecendo durante o parto e a NASA opta por manter seu filho em segredo e sendo criado em Marte. A desculpa encontrada é que seus ossos e órgãos se adaptaram ao planeta vermelho e que seria improvável que ele pudesse sobreviver na Terra, ou mesmo realizar a viagem de retorno.
O roteiro de O Espaço Entre Nós possui inúmeros buracos, que se tornam mais gritantes com a mistura deficiente de gêneros.
O filme avança dezesseis anos no tempo e encontramos o jovem Gardner Eliott (Asa Butterfield), que foi criado pela equipe de astronautas e cientistas que vivem na base marciana, onde tem papel especial Kendra (Carla Gugino) e Nathaniel Shepherd (Gary Oldman).
Como forma de diversão, Gardner faz como qualquer outro adolescente: vive na internet. Nela, faz amizade com Tulsa (Britt Robertson), uma garota com a mesma idade dele que vive em um lar adotivo. Tulsa tem um histórico de mudar várias vezes de família, pois em geral as pessoas estão mais interessadas no dinheiro que o governo paga para criá-la. Solitária, ela estabelece um vínculo de amizade com Gardner sem ter nenhuma noção de que ele vive em outro planeta. Como não pode contar a verdade, Gardner diz à Tulsa que possui uma doença rara que o impede de sair de seu apartamento em Nova York.
Em dado momento, surge no garoto um desejo de viajar para a Terra para encontrar seu pai. Sensibilizado, Shepherd atende o desejo de Gardner, não sem antes fazer adaptações que permitam ao jovem sobreviver na Terra. Chegando, ele buscará a ajuda de Tulsa para encontrar o pai e, nesse meio tempo, desenvolve um romance com a jovem.
O roteiro de O Espaço Entre Nós possui inúmeros buracos, que se tornam mais gritantes com a mistura deficiente de gêneros, confundindo o público e dando uma forma rocambolesca à obra. O filme certamente agradará ao público jovem, muito em virtude da história de amor entre Tulsa e Gardner ser delicada e funcionar (apesar de, como citado anteriormente, inúmeros buracos na trama). Entretanto, é um entretenimento efêmero, digno dos filmes da fase mais esquecível da Sessão da Tarde. Uma pena, para o público e para Gary Oldman, cuja participação no filme é a grande interrogação dos últimos tempos no cinema hollywoodiano.
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