Sempre é um risco fazer sequência, adaptação ou refilmagem de um filme que, por mais que não seja um clássico ou cult, tenha marcado época. Férias Frustradas é um destes casos. Apesar do mesmo nome no Brasil, o longa-metragem não é necessariamente uma refilmagem e nem tanto uma continuação do filme homônimo de 1983, estrelado por Chevy Chase.
John Delay e Jonathan Goldstein, dupla de roteiristas por trás do projeto, pegaram os personagens criados por John Hughes na década de 1980 e construíram um filme peculiar por ser uma continuação que refaz os passos do longa-metragem original. Mesmo que não haja tanta originalidade aparente no argumento – afinal, pega-se o que já foi trabalhado 32 anos atrás e apenas adapta as situações para os “tempos modernos” – Férias Frustradas, apesar de alguns exageros, especialmente nas piadas com conotação sexual, funciona bem.
O centro da história agora é Rusty Griswold (aqui interpretado por Ed Helms, de Se Beber Não Case), filho de Clark (o personagem de Chevy Chase) no longa de 1983, que, agora adulto, decide fazer o mesmo trajeto até parque temático – que aqui chama-se “Walley World” –, como forma de unir sua família. Tal qual seu pai, Rusty tem sensibilidade em nível zero para perceber as situações que se desenvolvem ao seu redor, mantendo-se sempre otimista e exageradamente empolgado mesmo frente às maiores adversidades. E elas, não tenha dúvida, acontecem a todo instante em Férias Frustradas.
Mas, mesmo com todos esses poréns, é possível rir com gosto em várias sequências de Férias Frustradas.
O espectador irá notar que houve no longa atual um certo exagero no tom das piadas, aproximando o filme do humor mais sujo e politicamente incorreto que vimos em outros títulos, como Ted 2, por exemplo. A explicação é, obviamente, comercial. Para penetrar em mais camadas, em especial às mais jovens, foi necessário direcionar o humor para esse rumo, criando uma relação de proximidade com o público médio norte-americano.
Mas, mesmo com todos esses poréns, é possível rir com gosto em várias sequências de Férias Frustradas. A relação entre os irmãos James e Kevin Griswold (interpretados respectivamente por Skyler Gisondo e Steele Stebbins) é um capítulo à parte no longa-metragem. Até mesmo o saudosismo cria um contexto no qual o riso se torna mais fácil, sendo que não há prejuízo a quem não tenha visto o original, com Chase no papel do patriarca. Aliás, a presença de Chevy Chase e Beverly D’Angelo, casal protagonista do filme de 1983, também merece destaque.
As comparações são inevitáveis, afinal, mexeram no “vespeiro” das obras significativas para uma geração que viveu a juventude nos anos 1980. Ed Helms e Christina Applegate, co-protagonista, entregam boas atuações, porém, sem tanto brilho. Destaque para as participações especiais, que, acima de tudo, foram inusitadas e ofereceram boas gargalhadas.
Sem dúvida que Férias Frustradas não é tão bom quanto o original, e que Ed Helms nem sempre faz rir com a maestria com a qual Chevy Chase nos fez rir em todas as sequências realizadas (quatro, além de um curta-metragem em 2010). Ainda assim o filme é divertido e, no final das contas, é isso o que realmente importa.
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