Há filmes que precisam ser vistos em uma tela grande de cinema. O Homem do Norte, em cartaz no Brasil, é um deles. O épico histórico de ação dirigido pelo cineasta norte-americano Robert Eggers, nome importante do chamado novo cinema de terror e diretor dos ótimos A Bruxa e O Farol, é um grande espetáculo para os sentidos.
O drama, que se passa no século 10 d.C, acompanha a saga do personagem-título, vivido pelo ator sueco Alexander Skarsgard (de A Lenda de Tarzã), em sua busca por vingança. Filho de um rei viking, Aurvandil, interpretado por Ethan Hawke (de Boyhood), ele testemunha o próprio tio Fjölnir atravessar uma espada em seu pai e, ainda criança, foge para não ter o mesmo destino. No exílio, ganha músculos e fermenta sua sede de revanche.
O jovem príncipe promete retornar um dia para se vingar e para salvar a mãe, Gudrun, papel defendido por Nicole Kidman, que já foi mulher de Skarsgard, na série Big Little Lies. O protagonista se chama Amleth.
Qualquer semelhança com o clássico Hamlet não é mera coincidência. A tragédia de William Shakespeare serviu de inspiração para o roteiro do longa-metragem de Eggers, que se apropria dos elementos básicos da peça de teatral, os ressignificando. Porém, mais do que a trama, o que mais impressiona é a forma com que o cineasta a coloca em cena.
O Homem do Norte é um filme trágico e brutal, com cenas de violência gráficas e esteticamente impactantes, cuidadosamente desenhadas e coreografadas por Eggers, cujo rigor estético é uma de suas marcas registradas desde que ele foi revelado por A Bruxa. Mas não se trata de uma estética do vazio, do belo pelo belo.
O Homem do Norte é um filme trágico e brutal, com cenas de violência gráficas e belas, cuidadosamente desenhadas e coreografadas por Eggers, cujo rigor estético é uma das suas marcas registradas.
Neste seu novo filme, a fotografia do norte-americano Jarin Flaschke, indicado ao Oscar por seu magnífico trabalho em preto e branco no expressionista O Farol, consegue trazer para a tela tanto a natureza épica, e suas cores, da Islândia, onde foi rodado O Homem do Norte, quanto a luz invernal, fundamental na constituição dos ambientes fantasmagóricos nos quais a trama se passa. Cada enquadramento é visivelmente pensado, elaborado, sem sufocar a trama, também embalada pela rica trilha sonora coassinada por Robin Carolan e Sebastian Gainsborough.
Skarsgard traz a seu Amleth a intensidade, entre o heroico e o trágico, que seu protagonista pede, o que torna o personagem mais complexo e interessante. Embora tenha pouco tempo de tela, Nicole Kidman, como a mãe do príncipe que se casa com o cunhado, tem uma grande cena, responsável pela principal reviravolta da narrativa, capaz de alterar a nossa percepção do enredo. Apenas uma grande atriz consegue dar conta dessa responsabilidade.
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