Tenho muita preguiça de cinema panfletário, que discute temas “importantes” de forma didática, subestimando a capacidade do espectador de tirar suas próprias conclusões. A melhor arte política, no meu entender, é aquela que provoca, inquieta, dando pistas, sem empacotar discursos para consumo imediato. Deixa espaço para a reflexão, sem trocar o enredo em miúdos.
Lacunar, não explicar tudo. Prefere omitir, incitar o público a preencher esses vazios narrativos.
Leviatã, poderoso drama de Andrey Zvyagintsev, pertence a essa categoria. Lacunar, não explicar tudo. Prefere omitir, incitar o público a preencher esses vazios narrativos, o tornando uma obra desafiadora, tensa e, graças à potência de suas imagens, capaz de arrebatar os sentidos.
É um afiado retrato da Rússia contemporânea, sob o domínio perverso de Vladimir Putin, um país corroído pelo autoritarismo e pela corrupção. Mas é bem mais do que isso. Está indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, ganhou o Globo de Ouro e o prêmio de roteiro no Festival de Cannes (2014). Mereceu.
https://www.youtube.com/watch?v=R4CvTylnHP0&pp=ygUQTGV2aWF0w6MgdHJhaWxlcg%3D%3D
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