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‘Martírio’ narra a saga trágica dos Guarani-Kaiowá

Em 'Martírio', Vincent Carelli produz obra monumental na qual traça amplo histórico sobre a etnia e a questão indígena no país.

porAristeu Araújo
25 de abril de 2017
em Cinema
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'Martírio' narra a saga trágica dos Guarani-Kaiowá

Imagem: Reprodução.

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De tempos em tempos, com bastante raridade, surgem marcos cinematográficos. Falo de filmes como Iracema – Uma Transa Amazônica, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna; Cabra Marcado para Morrer e Edifício Master, ambos de Eduardo Coutinho; Ilha das Flores, de Jorge Furtado; Santiago, de João Moreira Salles; e Serras da Desordem, de Andrea Tonacci. Martírio, do cineasta e antropólogo Vicent Carelli, é o mais novo espécime a se incorporar nessa seleta lista de documentários nacionais incontornáveis.

Martírio é um filme de denúncia sobre a trágica saga que o povo Guarani-Kaiowá atravessa desde a Guerra do Paraguai. Hoje, existem cerca de quarenta mil indígenas da etnia principalmente no estado do Mato Grosso do Sul, mas também no Paraguai e na Bolívia. A monumental obra de Vicent Carelli foca, sobretudo, no presente e na atual luta pela posse e demarcação de terras, mas traça também um amplo retrospecto sobre a questão indígena no país. De forma intrincada, as quase três horas de narrativa ainda farão um paralelo sobre a pesquisa e vivência pessoal do cineasta junto ao povo, suas crenças e seus conflitos.

Com mais quarenta anos envolvido na questão indigenista, Carelli criou em 1986 o projeto Vídeo nas Aldeias, de formação audiovisual para indígenas. O projeto realizou mais de setenta obras, sempre realizadas e protagonizadas pelos próprios povos. Por causa dessa vivência extremada com diversos povos indígenas, Martírio carrega consigo uma densidade pouco vista em filmes documentais. São raras as obras que trazem tanto a oferecer.

Por causa dessa vivência extremada com diversos povos indígenas, Martírio carrega consigo uma densidade pouco vista em filmes documentais. São raras as obras que trazem tanto a oferecer.

Nos minutos iniciais de Martírio, Carelli narra em primeira pessoa como se deu seu primeiro encontro com os Guarani-Kaiowá. Na época, durante a década de 1980, o interesse do pesquisador estava relacionado aos rituais religiosos. Mas ele filma, também, conversas e reuniões das tribos. Em vídeo de baixa resolução, vemos um longo debate entre representantes indígenas, mas sem tradução. O cineasta explica que não conhecia a língua. Agora, anos depois, com as imagens legendadas, vemos em outro trecho do documentário que aquela reunião discutia o tema de sempre desse povo, o seu direito à terra, a forma como vêm sendo expulsos e a resistência que precisam infringir pela sobrevivência.

Martírio não propõe qualquer tipo de distanciamento formal sobre o tema. Tampouco se apresenta como imparcial. É um filme absolutamente distante daquele padrão telejornalístico ou mesmo de documentários ao estilo BBC. Trata-se de um filme denúncia que, inclusive, “arma” seu objeto de estudo. Há um trecho absolutamente significativo e dramático em que a equipe de produção fornece uma câmera de vídeo para um grupo de acampados, porque estão sofrendo ameaças e atentados por parte de jagunços. As imagens que os próprios indígenas produzem são aterradoras.

Mesmo assim, há abertura para o contraditório. Consciente de quem são os antagonistas maiores da questão indígena no país, o longa nos coloca para ouvir pacientemente deputados e senadores em reuniões farsescas sobre a paz no campo. São assustadoras as falas de gente como os senadores Ronaldo Caiado e Kátia Abreu, que tendem a desvalorizar as demarcações em prol da economia e do agronegócio. É uma luta desigual e que pode resultar no extermínio de vários povos.

Em 2012, uma carta dos Pyelito Kue, comunidade de 170 indígenas da etnia Guarani-Kaiowá, gerou enorme comoção. O documento falava de morte coletiva frente à iminente desapropriação das terras em que eles residiam. No entanto, muitos interpretaram a mensagem como se tratasse de “suicídio coletivo”. Uma campanha civil fez com que milhares de internautas mudassem seus nomes, acrescentando em seus perfis no Facebook o nome da etnia como parte de seus sobrenomes. A mobilização pautou a imprensa e pela primeira vez ouve algum debate mais aprofundado por parte da sociedade acerca da questão. Foi ali que grande parcela da população brasileira ouviu falar pela primeira vez na etnia e em sua tragédia. Martírio se soma a esse movimento e tenta fazer com que aqueles nomes de Facebook não se percam em uma moda ativista. Tenta fazer alguma diferença na saga Guarani-Kaiowá.

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