Quando lançado em 2012, Ted trazia uma premissa interessante por trás do seu humor jocoso, das piadas de duplo sentido e repletas de conotação sexual e drogas. Mesmo que despretensiosamente, o longa trazia à luz o debate sobre humanidade – ou no caso do filme, o que conferiria humanidade a alguém.
O filme não era perfeito e o final recebeu algumas críticas pesadas. Mas até aí tudo bem, era humor escrachado, descompromissado. Como de costume, o clamor popular deu certo e o filme de 2012 ganhou uma continuação, que estreia hoje nos cinemas brasileiros. Ted 2 traz de volta às telas o urso Ted (com voz de Seth MacFarlane na versão em inglês) e John (novamente interpretado por Mark Whalberg).
Nesta continuação, Ted se casa com Tami-Lynn (Jéssica Barth), por quem está completamente apaixonado. Contudo, o casamento e tudo o que vem com ele começa a criar um atrito no relacionamento, fazendo com que o casal fique à beira da separação. Em busca de contornar os problemas, Ted tem a ideia de terem um filho. Como não é capaz de gerar um, o ursinho convoca o amigo John para ajudá-lo a resolver a questão.
A partir disto é que a confusão se arma e a trama se desenvolve. Já que legalmente ele não é uma pessoa, fica proibido de ter um filho, precisando recorrer a uma batalha judicial para garantir o direito de ser considerado um cidadão como qualquer outro ser humano.
Se no primeiro longa o roteiro e a direção de Seth MacFarlane conseguiam ser tocantes mesmo com todo o humor politicamente incorreto, em Ted 2 isso se perde desde o início. Boa parte das piadas parece reciclada do primeiro longa. O humor jocoso e escrachado que causava riso fácil dá espaço ao exagero. Piadas sobre drogas e sobre sexo em excesso. E não se trata de um rompante de puritanismo, apenas que aqui (como em quase tudo) o excesso foi prejudicial.
Se no primeiro longa o roteiro e a direção de Seth MacFarlane conseguiam ser tocantes, em Ted 2 isso se perde desde o início.
O personagem de Whalberg, que já tinha suas trapalhadas no primeiro longa, agora parece mais estabanado ainda, contudo, não de uma maneira engraçada, pelo contrário. Isso faz com que não só boa parte das piadas que lhe cabem fique sem graça como sua atuação seja forçada, demasiadamente caricata.
Nada contra quem esteja empolgado para ir conferir o filme no cinema. A intenção não é demovê-lo da ideia, apenas mostrar que nem sempre Hollywood acerta e que, por mais que não pareça, era o que gostaríamos que tivesse acontecido. Se é possível rir com Ted 2? A resposta é sim, mas até A Praça É Nossa já foi capaz de nos fazer rir um dia. É uma pena, poderíamos ter ficado apenas com a relativa boa impressão do primeiro longa do ursinho.
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