Adolescentes costumam ser subestimados pelos adultos. Os mais experientes geralmente avaliam as crises dos mais novos com base no que eles mesmos vivenciaram. E, por serem mais vividos, concluem: tudo o que parece infinito e grandioso na adolescência, quer seja bom ou ruim, em breve terá pouca (ou nenhuma) importância. Eis o grande erro: desvalorizar as próprias experiências e usar esse juízo de valor para desrespeitar sentimentos dos que ainda chegarão à idade adulta. Quem defende toda essa argumentação é Stephen Chbosky, autor do livro As Vantagens de Ser Invisível.
Pois ao levar o próprio livro para os cinemas como diretor e roteirista, Chbosky conseguiu questionar esse comportamento dos adultos e elaborar uma obra respeitável na qual é mostrado o perigo do pré-julgamento. A câmera acompanha Charlie (Logan Lerman) e sua dificuldade de adaptação durante o ensino médio. Tudo é exibido com muita naturalidade, delicadeza e, mesmo que soe paradoxal, com a típica intensidade da adolescência. Há espaço para retratar bullying, primeiro amor, drogas, amizades profundas, cumplicidade, relacionamento homoafetivo, depressão, alegria, expectativa com o ingresso na faculdade e muitos outros “ingredientes” que tornam o caldo bastante denso. De ideias e de ambientação da história.
É verdade que a obra aborda temas que podem ser considerados impróprios por alguns pais. Mas há especialistas que defendem: é preciso incentivar os adolescentes a amadurecerem e a tomarem conhecimento de situações com as quais vão entrar em contato na vida.
A trilha sonora de primeira complementa o rol de qualidades. Uma das músicas facilmente ligadas à produção de Chbosky é “It’s Time”, da banda Imagine Dragons. Mas não só. Tem também “Heroes”, de David Bowie. Uma canção que se transformou, no contexto do filme, na “música do túnel”: ela começa a tocar no rádio do carro enquanto os personagens trafegam livres e encantados por um túnel. Além de uma bela música, a letra repete, insistente, contextualizando esse tempo intenso que é a adolescência: “nós podemos ser heróis apenas por um dia”.
É verdade que a obra aborda temas que podem ser considerados impróprios por alguns pais. Mas há especialistas que defendem: é preciso incentivar os adolescentes a amadurecerem e a tomarem conhecimento de situações com as quais vão entrar em contato na vida, mesmo que indiretamente. O próprio autor/diretor divulga o caso de uma jovem de Nova York que desistiu do suicídio após ter lido o livro. Não parece ser mera estratégia de marketing. Basta acompanhar o filme, pelo menos, para sentir o quanto ele chega até nós como um recado amigo no estilo “você não está sozinho”. Para adolescentes (mas não apenas), essa mensagem é extraordinária. Assista sem preconceitos, com olhar de adolescente, e você poderá chegar à conclusão de que é um dos melhores filmes que já viu.
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