Ben Stiller por vezes acerta, seja como líder de seus projetos ou na escolha de seus papeis. O problema é quando o ator-diretor-produtor erra. Aí, ele erra feio, erra rude. Zoolander 2, filme estrelado e dirigido por Stiller, é um desses casos em que poderíamos ter passado sem essa. Se o primeiro filme não foi nenhum marco na história das comédias, a sequência consegue ser ainda mais sofrível, oferecendo momentos de profunda agonia ao espectador.
Quase 15 anos depois, Derek Zoolander (Ben Stiller) e Hansel (Owen Wilson) retornam às telas, entretanto, já sem direito a nenhum holofote. A carreira de ambos foi para o espaço, e além do ostracismo, amargam uma depressão profunda causada por não serem mais ícones da moda. Aparentemente, nada seria capaz de retirá-los de seus “retiros”, até que uma série de personalidades, todas muito bonitas, começam a ser misteriosamente assassinadas. É aí que entra Valentina Valencia (a esforçada Penélope Cruz), agente da Divisão de Crimes de Moda da Interpol.
Ela solicita a ajuda da dupla para investigar o caso e, em contrapartida, a agente ajuda Zoolander a encontrar seu filho, que reside em um orfanato em Roma, para onde o ex-modelo parte em busca de recuperá-lo. O choque ao perceber que seu filho não é como esperava cria um cisma na relação de ambos.
Se o primeiro filme não foi nenhum marco na história das comédias, a sequência consegue ser ainda mais sofrível.
A trama rocambolesca chega ao ápice quando Zoolander descobre que ele e seu filho fazem parte da linhagem da “Fonte da Juventude”. As pessoas responsáveis pelos assassinatos descobrem isso e decidem sequestrar Derek Jr, seu filho. O trio de “mocinhos”, então, viaja até a prisão onde Mugatu (Will Ferrell, inexplicavelmente nada engraçado) está e acabam presenciando sua fuga. Mugatu se junta ao grupo de estilistas que aprisionaram o filho de Zoolander para consumir o seu sangue.
Todo esse desenrolar consome mais da metade de Zoolander 2 sem arrancar mais que meia dúzia de risos do espectador. Os diálogos parecem não ter sido feitos para o riso, tentando fazer rir pelo “absurdo”, mas não chegando próximo de um texto inteligente como o que tem caracterizado algumas produções televisivas. Some a isso uma série de atuações fraquíssimas (para dizer o mínimo) e terá um dos piores filmes deste início de 2016.
Passados quase 15 anos, Ben Stiller poderia ter deixado Zoolander 2 guardado em sua gaveta. Nem a companhia do astro Justin Theroux (da série televisiva The Leftovers) e de John Hamburg (roteirista da franquia Entrando Numa Fria, da qual, curiosamente, Ben Stiller faz parte) na produção do roteiro foi capaz de tornar o filme melhor. Para valer o ingresso, apenas a rápida e inspirada participação de Benedict Cumberbatch como um modelo andrógino. Muito pouco para um filme com tamanha produção.
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