A produtora Dark Castle nasceu nos anos noventa com objetivo de refilmar os clássicos do diretor William Castle. O primeiro filme a ser lançado pelo selo foi A Casa da Colina (1999), que modernizava as premissas de A Casa dos Maus Espíritos (1959), inserindo uma traumática cena de abusos hospitalares no começo da trama e criando uma caricatura do próprio cineasta no personagem de Geoffrey Rush (leia mais).
O segundo título da produtora foi 13 Fantasmas (2001), dirigido pelo então estreante Steve Beck. A obra adaptava o longa-metragem homônimo de Castle de 1960 e, como o original, rapidamente caiu no esquecimento. Também pudera. De todas as produções do cineasta fanfarrão que criava truques para convencer o público a ir ao cinema, essa é uma das mais inusitadas escolhas para um remake.
No original, escrito por Robb White em sua quarta parceria com o diretor, uma família pobre recebe uma mansão de herança de um tio distante. Quando se mudam para a casa, descobrem que ela é habitada por 12 espíritos vingativos, à espera de um décimo terceiro que os liberte da maldição.
Os conceitos da trama são bem vagos. Os fantasmas foram, supostamente, capturados pelo tal tio com a ajuda de uma médium, que atua como governanta da casa. Há um dinheiro escondido na escada da residência, que é descoberto por uma das crianças, que divide o segredo com o advogado inescrupuloso da família.
O grande diferencial desse 13 Fantasmas original talvez seja o gimmick criado por White e Castle para promover a experiência de horror. Quando entravam nas salas de exibição, o público ganhava um óculos especial, com dois tipos de lentes. As vermelhas serviriam para não mostrar os assombros da tela. As azuis eram para deixar o filme mais assustador. O truque todo recebia o nome de Illusion-O!.
O jornalista Joe Jordan, que escreveu o livro Showmanship: The Cinema of William Castle, revela que o diretor precisou fazer cerca de 40 testes para que o invento funcionasse com algum tipo de efetividade. A nova produção enfrentava uma pressão muito grande sem um nome famoso no elenco ou outros atrativos chamativos além do próprio nome do cineasta e seu novo truque.
Os óculos usados pelo público também eram usados em cena pelos personagens para ver os tais fantasmas. Como fez em Força Diabólica (1959), o próprio diretor aparece na tela no começo do filme para explicar como ver ou esconder as assombrações. Quem assiste à produção hoje sem o adereço visual dificilmente terá a mesma experiência, pois a narrativa é fraca e sem inspiração.
Quem assiste ao filme ’13 Fantasmas’ hoje, sem os óculos especiais, dificilmente terá a mesma experiência, pois a narrativa é fraca e sem inspiração.
Supostamente, era esse vácuo que a refilmagem de Beck intencionava suprir em 2001. Os óculos interativos saíam de cena para serem usados apenas um objetos de cena. Novamente, a ideia de modernização da história é adotada pelo estúdio, que cria uma trama ambientada em uma estranha casa de vidro, cheia de explicações pseudocientíficas mirabolantes que não faziam falta nenhuma no original de 1960.
O tio, vivido por F. Murray Abraham, deixa a mansão para o sobrinho (Tony Shaloub), que tem dois filhos. A residência, excessivamente moderna, funciona por meio de uma tecnologia steampunk, que nunca incomoda os personagens. Quando chegam para conhecer o local, ficam presos lá dentro com um caçador de fantasmas, interpretado por Matthey Lillard, que serve como um professor que apresenta as regras daquele mundo.
Particularmente, sempre achei que a refilmagem não fazia lá muita coisa com a premissa original, que já não era das melhores. Talvez sirva como entretenimento vazio, afetado e barulhento (o público chegou a reclamar na época do lançamento que os efeitos de som da obra eram dolorosos). Embora tenha arrecadado um valor semelhante ao de A Casa da Colina (1999), 13 Fantasmas foi um fiasco entre os críticos. O suficiente para fazer a Dark Castle encerrar os planos de investir no nome de seu homenageado em novas produções. A saída foi investir em outros títulos como Navio Fantasma (2002), Na Companhia do Medo (2003) e A Casa de Cera (2005), entre outros.