O sucesso inesperado de Carrie (1976) nos cinemas valorizou o nome de Stephen King para Hollywood. Por isso, seu segundo livro, A Hora do Vampiro (1976), rapidamente teve os direitos adquiridos pela Warner Bros, que o transformou em uma celebrada e assustadora minissérie exibida em 1978 e dirigida por Tobe Hooper.
A história é basicamente uma versão moderna de Drácula, de Bram Stoker. King diz que concebeu o enredo enquanto dava aulas sobre o romance vitoriano, pensando no que aconteceria se um vampiro centenário fosse parar numa cidade pequena do Maine. Nessa versão, a criatura estaria mais próxima dos americanos, contagiando a comunidade da fictícia Jerusalem’s Lot.
As ambiciosas intenções acabaram gerando uma obra bastante sólida, citada como referência obrigatória para quem quer conhecer a história da televisão.
Inicialmente, A Hora do Vampiro seria um filme, como Carrie. George Romero e William Friedkin, cineastas consagrados da geração new horror, foram cotados para o cargo. Richard Kobritz, um dos produtores, decidiu que a narrativa poderia ser melhor adaptada na televisão, o que afastou os dois diretores do projeto. Hooper, que havia abandonado uma produção no meio do caminho e estava procurando por trabalho, acabou ficando com a vaga.
A escolha também foi motivada pela vontade de Kobritz em ter alguém que estivesse antenado com as tendências do gênero no período. O Massacre da Serra Elétrica (1974) causou bastante barulho ao modernizar o horror e os produtores acreditavam que o mesmo tipo de feito poderia ser alcançado na televisão.
As ambiciosas intenções acabaram gerando uma obra bastante sólida, citada como referência obrigatória para quem quer conhecer a história da televisão. Trata-se, aliás, de um dos melhores trabalhos de Hooper. Como diretor, ele é cuidadoso ao construir as aparições dos vampiros, em busca de efetivamente torná-los ameaçadores.
Na mais famosa delas, crianças mortas batem na janela de um dos personagens, esperando serem convidadas para entrar. O momento é filmado de trás para frente para dar um efeito de estranhamento no público, uma técnica que também havia sido usada na cena final de Carrie. A cena influenciaria produções como A Hora do Espanto (1985), Os Garotos Perdidos (1987) e Buffy – A Caça-Vampiros (1992).
Nada parece ridículo, nem mesmo o monstruoso Barlow. No livro, ele não é muito diferente de um humano. Aqui, vira uma criatura das sombras com maquiagem esverdeada. O exagero na caracterização funciona, mesmo para os padrões de hoje – provavelmente porque o personagem tem apenas alguns minutos de tela e em não fala uma palavra.
A Hora do Vampiro é citada como uma das 1001 Séries de TV para Assistir Antes de Morrer, na coletânea de Paul Condon lançada no ano passado no Brasil. Uma refilmagem foi feita em 2004, ainda mais sóbria do que a de 1979, mas não alcançou o mesmo encantamento ou sucesso. Por ser tratada com cuidado, a produção original ajudou a sedimentar King como mestre do horror e garantiu o investimento da Warner em seu terceiro livro, O Iluminado.