Meu primeiro contato com D-War: Guerra dos Dragões (2007) foi pela vitrine de uma loja de eletrodomésticos. As imagens que apareciam nos televisores eram impressionantes. Serpentes gigantes se enrolavam em edifícios de uma grande metrópole, enquanto helicópteros atiravam contra dragões que sobrevoavam as ruas. Parecia um grande filme de Hollywood, mas não havia informação nenhuma sobre a obra nos veículos especializados do Brasil.
Por algum tempo, achei que o trailer tinha sido criado como um atrativo para os modernos televisores de LED. Eram vídeos que demonstravam o potencial de cada aparelho na reprodução de imagens. Foi só quando encontrei o longa-metragem em uma exibição de um canal fechado é que entendi que se tratava de uma fita estrangeira, disfarçada de blockbuster norte-americano.
Após o sucesso de Réptil (1999), o diretor sul-coreano Shim Hyung-rae planejou uma ambiciosa sequência para a história. A narrativa teria mais monstros e evoluiria os efeitos visuais bastante precários de computação gráfica do primeiro filme. O projeto logo se tornou uma coisa nova, com uma escala muito mais épica.
Hyung-rae não esconde a origem do filme. Há cenas que contextualizam de onde surgiram os dragões que são inteiramente faladas em coreano.
Também conhecida como Dragon Wars, a produção seguiu os passos do título anterior de Hyung-rae e foi rodada em inglês. A trama é ambientada em Los Angeles e mostra um repórter que decide investigar uma estranha ossada que aparece no meio da cidade.
O personagem, interpretado por Jason Behr, é, na verdade, um predestinado de uma profecia sul-coreana, que diz que ele deve sacrificar sua amada para derrotar um terrível dragão. O monstro, uma cobra gigante, surge pouco depois, perseguindo uma jovem que acaba de completar 18 anos.
D-War: Guerra dos Dragões repete a confusão narrativa do predecessor. Os diálogos soam falsos e muitas linhas narrativas são abandonadas pelo meio. Aqui, porém, os efeitos visuais continuam muito eficientes, mesmo para os padrões atuais. Há uma clara preocupação em tornar as criaturas mais críveis aos olhos ocidentais, especialmente depois do resultado datado e pouco satisfatório de Réptil. Não por acaso, a obra virou trailer de vitrine de loja para mostrar o potencial de imagem digital de televisores de LED.
O elenco também traz nomes bem mais reconhecíveis no Ocidente. O veterano Robert Forster vive um velho dono de um antiquário, que é o guardião da tal profecia que move o enredo. O comediante Craig Robinson interpreta o melhor amigo do protagonista, com duas ou três cenas de alívio cômico.
Hyung-rae não esconde a origem do filme. Há cenas que contextualizam de onde surgiram os dragões que são inteiramente faladas em coreano. Os monstros também possuem uma forte caracterizações oriental. Tudo isso poderia agregar muito mais ao longa, caso não estivesse tão interessado em disfarçar uma aparência hollywoodiana. Foi dos lançamentos mais caros da Coreia do Sul até então.