“Se não pode fazer maior, faça engraçado”. Esse foi o lema usado pela roteirista Ruth Rose para desenvolver o argumento de O Filho de King Kong (1933), sequência do clássico King Kong (1933), lançado menos de um ano após a estreia do original. Pouco lembrado no Brasil, o longa-metragem costuma ser mencionado lá fora pelo acabamento apressado e sempre à sombra do original.
Novamente dirigido por Ernest B. Schoedsack e com produção de Merian C. Cooper, o enredo começa apenas um mês depois dos acontecimentos do primeiro filme. Robert Armstrong retorna ao papel de Carl Denham, o produtor responsável por levar King Kong a Nova York. Após os estragos provocados pelo enorme gorila, ele agora precisa se esconder dos credores que querem que ele pague pela destruição do monstro.
Com sentimento de culpa, o personagem embarca em um navio para tentar a vida como comerciante marítimo. A estratégia não dá certo e, depois de aportar em uma ilha, ele encontra um sujeito trambiqueiro que o convence a voltar à Ilha da Caveira, em busca de um tesouro supostamente escondido por lá. No meio do caminho, conhece uma jovem, interpretada por Helen Mack, que resolve acompanhá-lo na aventura.
O filho de Kong só aparece em cena com mais de 40 minutos de filme. Como a duração completa da narrativa não passa dos 70 minutos, o tempo de exposição para os monstros é curtíssimo na comparação com King Kong. O pesquisador Mark F. Berry, no livro The Dinosaur Filmography, descreve que o gorila é apenas um coadjuvante na obra que leva seu título.
Embora tenha seus momentos, os temas tratados pela sequência envelheceram mal.
Embora tenha seus momentos, os temas tratados pela sequência envelheceram mal. O pai da personagem de Helen Mack justifica o encontro com o vilão do filme porque ele é “um homem branco com quem pode conversar”. O filhote de Kong sacrifica a própria vida para salvar Denham, o sujeito responsável pela morte de seu pai.
Apesar disso, Rose consegue dar à trama um tom mais bem humorado. O aspecto de aventura substitui o tom trágico do original, mas não oferece muito mais do que um passatempo. Mesmo os efeitos de Willis O’Brien são inferiores. Também pudera, a equipe de produção recebeu apenas 10 meses para rodar e acabar o longa-metragem com cerca de metade do orçamento de King Kong.
O próprio O’Brien passou por um inferno pessoal durante o período em que esteve supervisionando o stop motion do filme. A ex-mulher atirou nos dois filhos e tentou suicídio. O pioneiro nos efeitos especiais nunca chegou a detalhar como criou alguns dos monstros que aparecem na produção tamanho o trauma vivenciado na época.
O Filho de King Kong estreou no Brasil em 1934. O lançamento foi antecipado com diversas matérias no Jornal do Brasil. Uma delas dizia, inclusive, que a criação dos dinossauros que aparecem no enredo “reconstitui com os mais preciosos informes científicos todo aquele mundo perdido há milhões de anos”. Um exagero, sem dúvidas.
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