Um ano após a estreia de Rodan – O Monstro do Espaço (1956) nos cinemas japoneses, Ishirô Honda se preparava para lançar seu épico de ficção científica mais ambicioso até então. Os Bárbaros Invadem a Terra (1957) foi um dos três títulos dirigidos pelo cineasta para a Toho em 1957.
O projeto se destacou das demais obras do diretor por deixar o horror um pouco de lado e dar espaço a uma trama sobre invasão alienígena. Segundo Steve Ryfle e Ed Godziszewski, biógrafos de Honda, o desejo dele era criar uma legítima ficção científica. Quase uma resposta a Hollywood, que naquela década havia lançado títulos como Guerra dos Mundos (1953), Invasores de Marte (1953) e A Invasão dos Discos Voadores (1956). O estúdio inclusive contratou um escritor especializado no gênero para desenvolver o roteiro.
A trama acompanha um grupo de cientistas e militares que tentam impedir os planos de uma civilização chamada de misterianos. Prestes a desaparecer por causa de um apocalipse no seu próprio planeta, os invasores chegam à Terra para procriar com mulheres humanas e estender um domínio territorial sobre o Japão.
O aspecto sombrio do argumento contrasta fortemente com o colorido da direção de arte e os imaginativos efeitos especiais de Eiji Tsuburaya. Uma das imagens mais memoráveis de Os Bárbaros Invadem a Terra é o modo como a invasão alienígena se anuncia sobre o público, com o ataque de um gigantesco robô, que se assemelha a uma toupeira, chamado Moguera.
Diferentemente dos trabalhos anteriores de Honda, existe aqui uma preocupação com política internacional que seria um dos temas recorrentes das demais produções do diretor.
A presença da criatura, que age como um monstro gigante, caracteriza o filme como uma narrativa kaiju – ainda que bem estranha. Isso porque a ameaça é derrotada depois de 20 minutos de projeção para nunca mais ser vista na trama. Moguera faria uma participação, décadas mais tarde, no filme Godzilla Vs. SpaceGodzilla (1994), e passou a ser uma referência entre o público do segmento.
Ryfle e Godziszewski avaliam que, diferentemente dos trabalhos anteriores de Honda, existe aqui uma preocupação com política internacional que seria um dos temas recorrentes das demais produções do diretor. Menos de um ano antes, o Japão havia entrado nas Nações Unidas e, ainda que o mundo caminhasse para um novo conflito entre Rússia e Estados Unidos, havia um otimismo no país sobre a colaboração entre os países.
O final de Os Bárbaros Invadem a Terra é, inclusive, uma alegoria à importância do diálogo entre os países. Somente com a colaboração de diferentes nações é que os exército japonês consegue derrotar os misterianos.
Primeiro título da Toho a ser rodado em formato anamórfico, usando uma tecnologia chamada de Tohoscope. Chegou ao Brasil em outubro de 1959. A cotação da crítica no jornal Correio Paulistano avaliava o longa-metragem como “bom”. Os efeitos visuais de Tsuburaya eram o grande destaque do texto, que os descreviam como “de uma impressionante realidade”.
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