Por meio do seriado Além da Imaginação, o roteirista Rod Serling influenciou uma geração de escritores e cineastas que viriam a trabalhar com histórias de ficção científica e horror. Stephen King, Steven Spielberg, Joe Dante e John Landis são apenas alguns dos profissionais da indústria cultural norte-americana que cresceram com o programa, apresentado semanalmente entre 1959 e 1964.
Antes disso, porém, Serling já era um nome importante na produção televisiva dos Estados Unidos. Filho de um açougueiro, o aspirante a escritor começou a escrever contos para serem lidos nas rádios de Nova York logo depois de entrar para a faculdade. Após voltar da II Guerra Mundial e se tornar mais ou menos bem-sucedido na venda de textos para diversas emissoras do país, ele decide tentar a vida na mídia televisiva.
O novo meio, que ainda se popularizava entre os americanos no início da década de 1950, era um espaço promissor para jovens roteiristas trabalharem como freelancers. Pouco tempo depois de fazer os primeiros contatos em Hollywood, Serling já havia emplacado várias tramas em atrações que exibiam histórias diferentes toda semana.
Para debater os problemas da sociedade dos Estados Unidos, seus textos usariam histórias fantásticas e cheia de elementos impossíveis.
Seu primeiro sucesso, no entanto, foi “Patterns” (1955), um episódio do Kraft Television Theatre que acompanhava os dilemas éticos de um homem no mundo corporativo. O roteiro lhe rendeu o primeiro Emmy e garantiu uma adaptação para o cinema, que virou o filme A História de um Egoísta (1956), dirigido por Fielder Cook.
Depois disso, Serling passou a receber diversas ofertas de trabalho no cinema e na televisão. Apesar de continuar a trilhar o caminho da fama, o escritor também começou a enfrentar dificuldades com seus projetos. Muitos de seus enredos sobre racismo e política eram constantemente censurados por patrocinadores e executivos de estúdios.
Cansado de não poder discutir assuntos da condição humanas por falta de interesse dos estúdios, ele decide traça uma estratégia para não sofrer mais interferências em seus trabalhos. Para debater os problemas da sociedade dos Estados Unidos, seus textos usariam histórias fantásticas e cheia de elementos impossíveis. Dessa forma, poderia escrever sobre o mundo real usando o horror, a ficção científica e a fantasia como metáforas. A decisão se tornaria uma das marcas de sua obra.
“Time Element”, que escreveu para o programa Westinghouse Desilu Playhouse, em 1958, foi o pontapé inicial desse projeto. A trama mostrava um homem que, inexplicavelmente, viaja para Honolulu em 1941, um dia antes do ataque à baía de Pearl Harbor. Desesperado, ele tenta avisar os militares, mas é constantemente desacreditado por uma sociedade conformada e racionalista.
O episódio faz tanto sucesso que os executivos encomendam uma série que tivesse o mesmo estilo. O resultado é o seriado Além da Imaginação, que semanalmente mostrava diferentes personagens lidando com situações impossíveis. O que aproximava uma história da outra é o fato de a ficção ser sempre uma porta para discutir a realidade.
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