• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Colunas Espanto

Trash é uma estética e não um sinônimo para filmes sangrentos

porRodolfo Stancki
4 de setembro de 2019
em Espanto
A A
Cena de Trash - Náusea Total

Cena do filme 'Trash - Náusea Total', dirigido por Peter Jackson. Imagem: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

Recentemente, um conhecido no Twitter criou uma lista recomendado produções trash para seus seguidores. O levantamento incluía títulos como Halloween (1978), A Hora do Espanto (1985) e A Mosca (1986). Aos meus olhos, a seleção parecia, no mínimo, controversa

Sempre me incomodei com o uso da expressão trash para designar obras de baixo orçamento. Especialmente porque o termo literalmente chama o trabalho de outra pessoa de lixo. Sei que cada um tem o direito de dar o nome que quiser para um grupo de filmes, mas a trajetória histórica da expressão evoca um certo elitismo cultural.

Trash é, antes de tudo, um conceito associado a uma estética de “mau gosto”, o que por si só já é uma ideia problemática (quem somos nós para dizer o que é bom ou mau?). No livro O Cinema Trash e a Reciclagem Cultural, o pesquisador brasileiro Juliano Ferreira Gonçalves afirma que a expressão possui uma definição nebulosa na academia, embora seja facilmente reconhecida pelo senso comum. Usamos ela como sinônimo para filmes baratos, que sejam sujos e transgressores.

Descrever um longa-metragem como trash me parece uma maneira de desqualificar uma obra ao mesmo tempo em que se justifica a apreciação dela.

O trabalho de cineastas como John Carpenter, Tom Holland e David Cronenberg simplesmente não se encaixa nessa classificação, que provavelmente seria mais apropriada às produções de Lloyd Kaufman, Frank Henenlotter e Peter Jackson (no começo da carreira). Bad Taste, dirigido por Jackson em 1987, chegou a ser lançado no Brasil como Trash – Náusea Total. Ali, o que aparece na tela é autoconsciente dos escassos recursos, exagerado e ultrajante. É um longa-metragem que aposta na exploração do sangue para garantir a atenção do público.

Em sua dissertação A Cultura do Lixo: Horror, Sexo e Exploração no Cinema, o pesquisador Lúcio de Franciscis dos Reis Piedade afirma que o Brasil passou por um “modismo trash” nos anos 1990. Nesse período, fanzines, mostras de cinema e até programas de televisão faziam referência ao termo – consolidando-o no imaginário nacional.

O exemplar mais importante da trashmania talvez tenha sido o Cine Trash, que era exibido nas tardes da TV Bandeirantes e apresentado pelo cineasta José Mojica Marins. Enquanto a Sessão da Tarde, da Rede Globo, exibia majoritariamente filmes considerados de “bom gosto” para a família toda, Zé do Caixão saía de um mausoléu para anunciar uma fita sangrenta e amaldiçoar o público com suas longas unhas na concorrência (leia mais).

Parece-me que o senso comum de associar a expressão trash a qualquer narrativa com cenas de sangue, independentemente de valores de orçamento, é um costume herdado desse período. Lembro-me que a refilmagem de A Noite dos Mortos-Vivos (1990), dirigida por Tom Savini, foi uma das produções que passaram no programa de Mojica. A estética do filme em nenhum momento parece pobre e a trama não apela para o escatológico ou para o exagero. É uma história de horror, mas nunca com aparência de lixo. Isso não impediu o meu conhecido de colocá-la na sua lista ao lado dos títulos citados no primeiro parágrafo deste texto.

Descrever um longa-metragem como trash me parece uma maneira de desqualificar uma obra ao mesmo tempo em que se justifica a apreciação dela. Soa como uma tentativa de simplificar o próprio papel enquanto espectador, que não assume o prazer que sente em imagens de violência, transgressão e morte. Não deixa de ser, também, uma forma de não levar a sério essas produções, que deixam de ser cinema para virar algo menor – a ser descartado na lixeira mais próxima.

link para a página do facebook do portal de jornalismo cultural a escotilha

Tags: Bad TasteCinemaCinema de HorrorCultura do LixoEstética trashfilme sangrentoJuliano Ferreira GonçalvesLúcio de Franciscis dos Reis PiedadeModismo TrashTrashTrash - Náusea Total

VEJA TAMBÉM

Cena do filme 'Godzilla Minus One'. Imagem: Divulgação.
Espanto

‘Godzilla Minus One’ emociona com a vida e não com a destruição

3 de abril de 2024
Cena do filme 'Somente Deus por Testemunha'. Imagem: Reprodução.
Espanto

‘Somente Deus por Testemunha’ horrorizou sobreviventes do Titanic

16 de fevereiro de 2024

FIQUE POR DENTRO

Documentário está disponível na Max. Imagem: Divulgação.

‘Rita Lee: Mania de Você’ revela o corpo, o grito e o silêncio da mulher que reinventou o Brasil

9 de maio de 2025
Primeira edição de O Eternauta, publicada na revista Hora Cero Semanal. Imagem: Reprodução.

HQ ‘O Eternauta’ traduz décadas da história da Argentina

9 de maio de 2025
Cantora trará sucessos e canções de seu 12º disco de estúdio. Imagem: Ki Price / Divulgação.

C6 Fest – Desvendando o lineup: Pretenders

9 de maio de 2025
Exposição ficará até abril de 2026. Imagem: Gabriel Barrera / Divulgação.

Exposição na Estação Luz celebra a Clarice Lispector centenária

8 de maio de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.