Ainda não tinha passado pela minha cabeça explicar conceitos tão profundos de ciências para as minhas pequenas filhas de 5 e 3 anos. Mas elas ganharam o Como Eu Cheguei Aqui, escrito e ilustrado por Philip Bunting e lançado no início deste ano pela Brinque-Book.
Mas, na leitura compartilhada deste livro, para elas se descortinou uma série de novos conceitos: surgimento do universo, evolução das espécies, o conceito de que elas já foram uma célula e se desenvolveram dentro da barriga da mãe, respeito às diferenças e noções de causa e efeito.

O livro é denso, bastante informativo. Mas o autor consegue tratar o assunto de forma divertida e as ilustrações são valiosas. As páginas contam sobre o Big Bang, a formação dos planetas, sobre como passamos de criaturas aquáticas para terrestres, passando pelos dinossauros (que não, NÃO conviveram com os humanos) e chegando no momento em que alguma espécie de macaco passou por transformações até chegar no ser humano.
E interliga essa noção mais global com outro pequeno big bang e outra pequena evolução: a do nascimento de uma criança, que é feita de partículas que existem desde o primeiro e oficial Big Bang. E ainda, com graça, traz pinceladas de ecologia e reitera o conceito de que todos somos uma coisa só, estamos no mesmo planeta e que, por isso, todos devemos cuidar dele.
A obra coloca em perspectiva a existência da criança perante o universo e a conecta com ele. O leitor é o próprio personagem e a obra proporciona vários questionamentos nas crianças. A obra é indicada para crianças a partir de 4 anos (leitura compartilhada) e entre 5 e 8 para que a criança leia sozinho.
A obra coloca em perspectiva a existência da criança perante o universo e a conecta com ele.
Aqui, as leituras do livro, em geral, nunca terminam. As crianças viajam nos conceitos, nas perguntas, nas ilustrações e para elas, muito pequenas, ainda é complexo manter o foco sendo apresentadas a tantos novos conceitos. Em 90% dos dias, nas brincadeiras cotidianas, escuto elas reproduzindo alguns trechos do livro. “Sim, a gente é mulher da caverna agora”, “Não precisa ter medo, não tem dinossauro aqui”…
Outras crianças, mais velhas, que foram apresentadas à obra, ficaram confusas com relação a outras narrativas sobre o surgimento do universo que tinham acesso, como a velha e (nem tão) boa alegoria de Adão e Eva. Isso apenas reforçou a importância da obra: vamos ensinar ciência às crianças.
COMO EU CHEGUEI AQUI? | Philip Bunting
Editora: Brinque-Book;
Tradução: Gilda de Aquino;
Tamanho: 36 págs.;
Lançamento: Março, 2020.