Meu sonho infantil era ter um jogo chamado Alquimia, que vinha com amostrinhas de elementos químicos e cards ensinando experiências científicas. Eu queria ser uma cientista maluca, claramente influenciada pelo Professor Pardal, Inspetor Bugiganga e o Beakman. Aí, desde a maternidade, me pergunto: como ensinar sobre ciência para crianças?
E, se talvez você já leu outros textos dessa coluna, já deve ter percebido que sou uma saudosista dos anos 1990 e admito que sim: muitas das boas experiências que passei na infância quero compartilhar com as minhas filhas (a turma da minha rua tinha um Clube de Ciências para dissecar abelhas e formigas, era MUITO legal).
Mas a questão da ciência me toca de verdade: é muito bom que as crianças sejam curiosas, que os porquês delas sejam infinitos (mesmo quando a gente já não aguenta mais responder). É aquele tipo de utopia que temos: é o investimento em educação científica que será a chave para um sociedade mais justa, com mais educação, onde se acredite menos em fake news e mais nas evidências científicas.
É muito bom que as crianças sejam curiosas, que os porquês delas sejam infinitos. É aquele tipo de utopia que temos: é o investimento em educação científica que será a chave para um sociedade mais justa.
O Mundo de Beakman, série da TLC que durou de 1992 e 1998 e foi retransmitido pela TV Cultura – o programa mostrava um cientista excêntrico fazendo experiências malucas e explicando conceitos de biologia, química e física – é uma carta na manga para quando as meninas forem um pouco mais velhas. A faixa etária indicada para atração é a partir dos 8 anos.
Acreditava que estaria carente de referências até lá, mas, para minha grata surpresa, não. Temos alguns programas de televisão e canais do YouTube cativos por aqui. E eles são ótimos porque, para crianças, não basta falar (o que faço de montão). Eles aprendem vendo e imitam o que veem. Eu não tenho mais o meu jogo Alquimia e nem temos uma estrutura para experiências científicas (algumas que ensaiamos são feitas na cozinha, com os utensílios da cozinha – esses dias faltou vinagre na salada, mas foi em prol da ciência, então…).
Nesses casos, recorremos ao Mister Maker (de 2007 e originalmente da emissora CBeebies), também estrangeiro: nesse programa Phill Gallagher faz uma série de artesanatos e experiências simples. A série, voltada para crianças na idade pré-escolar, é uma ótima referência para quando estamos sem ideia do que fazer para entreter/ensinar as crianças. Além de incentivar e ensinar, o programa é uma ótima distração, pois a edição e o cenário muito colorido e divertido prende a atenção dos pequenos. Atualmente, há uma temporada disponível na Netflix (libera as outras, vai, Netflix, nunca te pedi nada!).
Quando a intenção é distração sem muito esforço dos adultos, voltamos sempre ao velho e bom O Show da Luna. A animação brasileira conta as peripécia de uma menina de 6 anos completamente apaixonada por ciências. Para ela, o mundo é um laboratório a céu aberto e tudo vira base para perguntas, experimentos e questionamentos. A Luna é mais recente: de 2014 a 2018 a Discovery Kids lançou episódios novos. Hoje em dia continua na programação do canal.
Foi falando com as crianças sobre como os animais enxergavam e tentando achar um vídeo no Youtube que explicasse ou mostrasse isso, que conheci o canal Manual do Mundo. O canal de entretenimento educativo é um dos maiores do mundo. Criado pelo jornalista Iberê Thenório em 2008, o canal tem vídeos sobre toda a sorte de experimentos e curiosidades científicas. Maratonar alguns episódios é o programa favorito para pais e filhos fazerem juntos por aqui. A gente aprende também e, de quebra, mostra para as crianças que fazer experiências malucas pode ser muito legal.
Vale lembrar que muitas crianças já estão há 4 meses sem a escola – o local que deveria ser o santuário da ciência, do conhecimento e da curiosidade – e não me preocupa o currículo escolar a ser cumprido, mas vale tentar mantê-las o mais curiosas o quanto for possível!
Obs.: Pesquisando para escrever essa coluna, encontrei mais uma referência bacana. A revista Ciência Hoje da Crianças: braço da publicação Ciência Hoje, a versão infantil também é interessante para os pequenos cientistas No site você consegue acessar artigos explicativos, vídeos e experiências.
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