Pode me chamar de saudosista, millenial, ou o que for. Mas me considero privilegiada por ter visto a transição entre um mundo off-line e online, por ter vivenciado quase metade da vida sem a onipresença da internet. Isso fez com que, nas adolescência, eu usasse ativamente as cartas para falar com amigos que estavam longe (gastando a coleção de papel de cartas sem medo de ser feliz) e até com amigos que fiz nos “primórdios” da internet (saudade, mIRC). Calhou que, neste dias loucos, pude apresentar à minhas filhas esta “instituição cultural”: os Correios.
Assim, por cima, elas já tinham visto em desenhos e na escola, lógico. Mas aí começaram a receber livros da madrinha (alô, Elisa, obrigada). Mostrar que a entrega estava no nome delas era a plenitude da felicidade. Ler o cartão que vinha junto com o presente gerou uma conexão consistente.
As crianças esperam ver as cartas com seus donos. Depois de pensar na pessoa que vai receber, “escrever” (ou ditar o que será escrito), desenhar, colar os cantinhos do papel dobrado para servir de envelope… Parece banal, mas é mágico.
E chegou a vontade de responder. Pois se alguém mandava algo para elas, por que elas não poderiam mandar algo para alguém também? Justo. Nos últimos meses, a chegada de uma entrega ou a ida ao Correio para postar uma carta para alguém se transformou em uma atividade aguardada, que causa ansiedade nas duas crianças.
E, por ironia do destino, um dos meios de comunicação mais antigos se mistura com as novidades tecnológicas, com os vídeos feitos pelos destinatários das cartas depois que elas chegam onde deveriam chegar, com as chamadas em vídeos nas quais as cartas são as coadjuvantes das conversas.
As crianças esperam ver as cartas com seus donos. Depois de pensar na pessoa que vai receber, “escrever” (ou ditar o que será escrito), desenhar, colar os cantinhos do papel dobrado para servir de envelope… Parece banal, mas é mágico.
É uma atividade simples, possível e viável. Alegra e traz leveza aos dias, que andam tão incertos. Escreva uma carta para uma criança. Ou incentive seu filho a escrever uma carta para alguém: crie memórias. Já imaginou, daqui a alguns (muitos) anos, ter os registros físicos de uma fase tão singular da vida?
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