Ele dá voz e personalidade a personagens que marcaram gerações de brasileiros: o Rony Weasley, da série de filmes Harry Potter, o Ben 10, o Mutano (Os Jovens Titãs em Ação) e o BMO (Hora da Aventura) são apenas alguns dos muitos tipos já incorporados por Charles Emmanuel em duas décadas de carreira como ator e dublador.
O jovem artista paranaense, que nasceu em Piraquara, cidade da região metropolitana de Curitiba, mas que ainda pequeno mudou com a mãe de criação para o Rio de Janeiro, compartilha na medida do possível muitas experiências com os fãs e admiradores do seu trabalho no canal que mantém no YouTube, o Dubladiando. “Tento manter esse espaço, pois a falta de tempo prejudica e os jovens, como chamo meus seguidores, me cobram direto para postar vídeos novos”, comenta.
Com mais de 450 mil inscritos no canal, Charles, que tem 28 anos, comemora a boa relação e interatividade com a audiência. “A interação acontece, por exemplo, quando peço frases aleatórias pra eles para que eu possa falar com a voz de algum personagem que eu dublo. Além do básico, como vídeo de perguntas e respostas. E eles também me dão ideias pra vídeos, comentam bastante e eu tento responder sempre que posso”, fala.
O carinho do público é um estímulo a mais para Charles. “Eu acho que é uma relação muito boa. Recebo muito carinho sempre que vou a um evento ou quando me mandam mensagens nas redes sociais. Falando nisso, sempre que posso, tento responder eles. Mas geralmente é pelo Twitter, porque me facilita demais”, fala.
Carreira
‘Geralmente minha rotina é mais tranquila. O único porém é não ter horários fixos, porque descobrimos se vamos dublar com uma semana de antecedência ou até um dia antes! Ah, e não sabemos o que vamos dublar. Às vezes nos avisam, mas é incomum.’
A inspiração para seguir carreira na área surgiu dentro de casa mesmo. “Minha mãe de criação é atriz e dubladora. Ela que me colocou nesse meio artístico. Eu já fazia participações em televisão desde os 6 anos. Com uns 7, fiz curso de dublagem pra começar a carreira de dublador. E com uns 8 anos comecei a dublar. Tive duas facilidades: a primeira, claro, minha mãe estar no meio; e a segunda e principal foi o fato de ter voz infantil. Obviamente (risos), mas é que na época a dublagem tinha uma escassez de vozes infantis e geralmente mulheres adultas que faziam vozes de meninos. Então eu comecei trabalhando por causa da demanda do mercado. E, desde então, não parei mais”, fala.
Para quem pensa em seguir carreira na área, Charles é direto: “Primeiramente, para ser dublador, é preciso ser ator. Eu fiz curso de teatro. Antes dos 14 anos, nunca sei ao certo, não é obrigatório ter feito teatro, mas é aconselhável que a criança tenha feito. Me ajudou muito. Agora, para o adulto, é obrigatório. Depois disso, é necessário fazer curso de dublagem e estar no Rio de Janeiro ou em São Paulo”, observa.
Conhecido por inúmeros personagens, como Near (Death Note) e Rigby (Apenas um Show), Charles, no início dos anos 2000, também participou da TV Globinho. Atualmente, prefere se dedicar mesmo aos eventos e atividades como dublador. “Geralmente minha rotina é mais tranquila. O único porém é não ter horários fixos, porque descobrimos se vamos dublar com uma semana de antecedência ou até um dia antes! Ah, e não sabemos o que vamos dublar. Às vezes nos avisam, mas é incomum. Por isso o dublador precisa ser ator. Ele tem que estar preparado pra fazer todo tipo de atuação e vários tipos de vozes. O que eu quero dizer com tudo isso é que não tenho rotina de verdade. Então minha não tão rotina é dublar, estudar, gravar, editar vídeos e sair com os amigos. Mas ultimamente nem vídeos estou conseguindo fazer. Passei no teste de duas séries e os últimos dois meses estão muito corridos”, garante.
Sobre o tempo que viveu em terras paranaenses, Charles guarda mesmo o carinho pelos familiares que residem no estado. “Nasci em Piraquara, mas fiquei um ano e meio, se não me engano, então não tenho nenhuma lembrança dessa época. Mas tenho família que mora aí. Minha mãe biológica, meus irmãos e boa parte dos meus primos estão aí! Um beijo pra eles, falando nisso”, diverte-se.
Se você está ligado em algumas séries do Netflix, vai reconhecer a voz do Charles: Magnus Bane (Shadowhunters), Jim (Caçadores de Trolls) e o Scott (Teen Wolf). Recentemente, ele esteve nos cinemas na versão cinematográfica de Power Rangers como Jason (Ranger Vermelho). Para breve, ele tem outros planos: “Agora, em termos de carreira, quem sabe não me torno diretor de dublagem e, mais futuramente, tradutor (de dublagem, em princípio)”, avisa.