Um dos mais importantes nomes da literatura infantojuvenil brasileira comemora cinco décadas de carreira a todo vapor em 2019. Aos 88 anos, Ruth Rocha inspirou gerações de leitores. Responsável por clássicos como O Reizinho Mandão e Marcelo, Marmelo, Martelo (o maior sucesso de sua trajetória editorial, com mais de 20 milhões de exemplares comercializados), a autora não para.
Até o fim do ano, deve chegar às livrarias um novo livro: Almanaque do Marcelo. O título, que vem sendo escrito manualmente (Ruth não é muito fã do computador), reúne piadas, historinhas e curiosidades. Aliás, uma folha em branco é sempre um desafio à escritora, que não pensa em se aposentar. “É quase como parar de viver!”, declarou em entrevista recente ao jornal O Estado de S. Paulo.

Ruth também falou ao Estadão sobre a responsabilidade de fazer parte da formação de leitores brasileiros há 50 anos, uma vez que seus livros são adotados por escolas de todo país. “Sinto a responsabilidade, é claro, mas eu acho que sempre escrevi coisas positivas e importantes. Eu falo sobre justiça, verdade, amizade, sustentabilidade, direitos humanos. Eu condeno o autoritarismo”, comentou.
Oito vezes vencedora do Prêmio Jabuti e membro da Academia Paulista de Letras, Ruth Rocha recorre à ginástica e ao RPG para manter a saúde em dia. Com dificuldades de visão por conta da idade, há momentos em que busca os audiolivros para deixar a leitura atualizada.
Aliás, a autora adora as poesias de Manuel Bandeira, Fernando Pessoa, Vinicius de Moraes e Cecília Meireles. Como boa artesã das palavras, também está ligada nos grandes sucessos editoriais do momento – entre eles, as obras do escritor israelense Yuval Noah Harari (Sapiens – Uma Breve História da Humanidade e Homo Deus – Uma Breve História do Amanhã). “Quem não lê, não escreve”, resume.
Oito vezes vencedora do Prêmio Jabuti e membro da Academia Paulista de Letras, Ruth Rocha recorre à ginástica e ao RPG para manter a saúde em dia.
História
Formada em Sociologia, a descoberta da veia de escritora ocorreu por acaso. Ruth Rocha trabalhou como orientadora educacional no tradicional Colégio Rio Branco, em São Paulo, e recebeu um convite (quase um ultimato!) de uma amiga, a também escritora Sonia Robatto, que no final dos anos de 1960 editava a conhecida Revista Recreio.
Foi assim que nasceu, em 1969, a história de duas borboletas de cores diferentes, intitulada Romeu e Julieta. A narrativa, que trazia à tona uma discussão sobre o preconceito, foi o ponto de partida para as mais de 200 obras publicadas pela autora.
Com muitas de suas histórias também publicadas no exterior, Ruth Rocha é direta quando o assunto é a formação de novos leitores: o incentivo deve nascer em casa com os pais. “Leiam. Comprem livros, contem histórias. Criança gosta de novidade, de aprender”, afirma. Fica a dica e a inspiração…