Acordei, mas confesso que não queria. Hoje, um dia para se refletir, admito que não compreendo muito bem a função de dias tristes. Em alguma realidade, e não a que vivo (ou decifro), eles existem como contraponto aos dias alegres, uma forma de balanço para que levemos uma vida equilibrada.
Há quem diga que dias tristes surgem como uma provocação a que demos o devido valor às alegrias. Pode ser, mas que faço eu que vibro como ninguém a qualquer esboço de alegria?
De fato, há em nós, seres humanos, um entendimento muito raso sobre alegria, tristeza, felicidade e infelicidade. Não cabe a mim tentar dissertar a respeito, até mesmo por falta de vocabulário e base teórica para tal, mas fico intrigado com os dias tristes. Há neles muitos fatores em comum, enquanto as alegrias parecem tão diferentes entre si.
De fato, há em nós, seres humanos, um entendimento muito raso sobre alegria, tristeza, felicidade e infelicidade.
Em geral, dias tristes me atordoam a cabeça, tapam os ouvidos, pesam os olhos. Normalmente, dias tristes me deixam calado, um tanto instrospectivo. Comumente, em dias que as alegrias parecem escassas, eu abraço o silêncio, a reflexão e uma garrafa. Mas não se assuste, nobre leitor. Abraço a garrafa térmica e me aqueço num mate, pensando com os botões o que hei de tirar desses momentos em que me somem as palavras e me ponho de aperto no peito.
A vida cobra um ritmo um tanto frenético. Acabamos atropelando a própria tristeza, ou nos sentindo obrigados a atropelá-la, já que o mundo não para, de maneira que consigamos reestabelecer o passo enquanto nos reerguemos. Paciência, afinal, é necessário admitir que há pequenos elementos na tristeza que permitem com que ela tangencie certas qualidades.
Quando tristes, invariavelmente nos rendemos ao próximo: a tristeza exige a humildade de admitirmos que o ser humano não nasceu para ser só. Quando tristes, não há outra saída, nem mesmo uma alternativa, que não se chame alegria. Quando tristes, sabemos que a tristeza, assim como o seu contrário, é finita.
No final, não é uma questão de entender a tristeza, mas aceitá-la. É um ciclo, como a própria vida.