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Home Crônicas Eder Alex

Gestos

porEder Alex
27 de janeiro de 2017
em Eder Alex
A A
gestos

Foto: Pixabay.

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Um velhinho meio encurvado no meio do corredor da praça de alimentação atrasa o movimento das bandejas engorduradas que vem e vão, sempre com pressa.

Parece procurar uma moeda que caiu, mas não é nada disso: é a coluna destroçada. Escoliose, lordose, sabe-se lá. Ele só quer ir ao banheiro.

A criançada que estuda no colégio ao lado do shopping vem vindo lá no fundo. Elas apontam e riem e imitam e saboreiam a impunidade da crueldade infantil.

As senhas das lanchonetes não param de apitar suas urgências sequenciadas. Ninguém consegue ouvir a música ambiente. Nos televisores espalhados pelas paredes, as últimas promoções que nunca acabam.

Os estudantes ainda estão rindo da coluna do velhinho e as pessoas ao redor começam a se incomodar, mas só que lentamente, com gestos prolongados, como se estivessem acordando de uma boa noite de sono.

Então o pequeno neto se levanta da mesa em que está a família, vai até o avô, segura o seu braço com delicadeza e o conduz até o banheiro, abrindo espaço e olhando feio para a piazada que agora finge constrangimento.

Os estudantes ainda estão rindo da coluna do velhinho e as pessoas ao redor começam a se incomodar, mas só que lentamente, com gestos prolongados, como se estivessem acordando de uma boa noite de sono.

O fluxo no corredor normaliza e segue sua anormalidade rotineira.

Logo depois o garoto volta sozinho e se senta à mesa.

Passam-se alguns minutos até que o velho apareça novamente no mesmo corredor, em sentido contrário. Passos lentos, bem lentos. Por sorte os estudantes já se foram.

Aproxima-se da mesa do netinho. Está na cara que a família vai se levantar e ajeitar a cadeira para que ele possa se sentar, mas ele não para, segue em frente e vai embora sozinho.

A família continua almoçando normalmente. O menino sorriu para o velhinho quando ele passou.

Os dois nem se conheciam.

Tags: criançasCrônicagestos

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