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Home Crônicas Eder Alex

Dois amigos

porEder Alex
26 de maio de 2017
em Eder Alex
A A
"Dois amigos", crônica de Eder Alex.

Imagem: Reprodução.

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Era sagrado: na última sexta-feira do mês, o velho entrava no cemitério carregando uma sacola de supermercado. Ali dentro, duas cervejas quase geladas.

Ia olhando as placas, as fotos, as datas. O início e o fim, o hiato individual. Quanto menor o hiato, maior a judieira, onde já se viu deixar criança morrer?

Passava por túmulos bonitos, feitas de pedra cara e por outros cheios de gavetas empilhadas e descuidadas. Túmulo de gente esquecida, uma solidão que não dava nem tempo de virar tristeza, pois tinha jeito de filme de terror. Melhor apressar o passo.

Sentava no terceiro túmulo da quadra E.

O melhor amigo estava ali dentro, do lado de lá do mármore, desde de 94, aquele da Copa do Romário. Morreu de sigla ruim, AVC, talvez, já não lembra.

A promessa foi feita numa mesa de boteco lá no Largo da Ordem: quem morresse primeiro deveria visitar o túmulo do outro e regar o vaso de flores com cerveja. Uma pra si e outra pro morto.

A promessa foi feita numa mesa de boteco lá no Largo da Ordem: quem morresse primeiro deveria visitar o túmulo do outro e regar o vaso de flores com cerveja. Uma pra si e outra pro morto.

No começo era engraçado, porque meio absurdo, assim como é absurdo o quanto a gente se apega a um amigo.

Que saudade de você, seu lazarento.

Quando isso começou, o velho era menos velho e ficava lá, feito um louco, contando as novidades que o amigo havia perdido e ria sozinho.

Riam juntos.

Seu retardado.

Agora o tempo o arrastou com sua brutalidade de mar agitado e já nem há tantas novidades assim a serem contadas. Ele não consegue nem se lembrar quanto deu no último Atletiba.

O passado, aos poucos, pouco importando.

Tudo o que importa vira abismo, ele sabe.

O tempo vai ficando insuportável. A vida vai ficando tão difícil.

Nesse fim de tarde de abril em que a paisagem vira bronze sob o sol fraquinho, fraquinho tocando as araucárias, o velho fica em silêncio, quebra a promessa e bebe as duas cervejas sozinho.

Tags: amizadecervejaCrônicadespedidassaudadesolidão

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