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Home Crônicas Helena Perdiz

A liberdade e a louça

porHelena Perdiz
23 de abril de 2015
em Helena Perdiz
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"A liberdade e a louça", crônica de Helena Perdiz. Imagem: Reprodução.

"A liberdade e a louça", crônica de Helena Perdiz. Imagem: Reprodução.

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Quando você passa a morar sozinho, lavar a louça vira uma tarefa muito mais difícil, mesmo que antes você dividisse a casa com 32 irmãos e o vizinho ainda fosse filar o almoço todos os dias. O negócio vai além da quantidade, vira uma luta pessoal. Um prato, um copo e alguns talheres são suficientes para provocar uma avalanche de questionamentos no seu cérebro. E não é exagero, jovem, anote estas palavras: eu passei por isso e você também vai passar – não é praga, é a vida como ela é.

Para você entender melhor, vou contar um pouco da história do Alfredo (se é para falar mal, nada como usar alguém como exemplo).

Alfredo é um cara trabalhador, esforçado, honesto, inteligente, cheio de amigos, com uma família linda e uma namorada maravilhosa. Quando morava com a mãe, era só ouvir “se eu voltar aqui e a louça não estiver lavada, essa chinela vai voar” que ele ia para a cozinha na maior boa vontade. Mas agora, sozinho, Alfredo é dono do próprio nariz – e da própria pia. Apesar de todas as suas qualidades, ele tem o primeiro defeito que nasce no ser humano quando a chinela não voa mais: a preguiça.

“Por que ele é assim? Por que não lava a louça sempre no primeiro momento? Por que não levanta e acaba logo com isso? O que Frank Underwood faria?”

Por causa da preguiça, aquela loucinha pequena que demoraria dois minutos para ser lavada fica lá. E ficando lá, acumula. E acumulando, torna-se uma enorme louça. E tornando-se uma enorme louça, acaba despertando no Alfredo o segundo defeito: a mania de deixar para depois.

Alfredo trabalha o dia todo, sabe que deve relaxar, que a Netflix está a um botão de distância e que Frank Underwood precisa que ele apoie suas conquistas. A louça pode esperar. E ela espera, até ele perceber que não tem copo limpo para tomar um guaraná durante a série, e é aí que surge o terceiro problema: a insegurança.

Sem saber como agir, Alfredo começa a questionar a própria existência. Por que ele é assim? Por que não lava a louça sempre no primeiro momento? Por que não levanta e acaba logo com isso? O que Frank Underwood faria? Por que não se importa com o que Frank Underwood faria? Quanto estão os copos descartáveis no Walmart?

Alfredo desiste de se torturar e vai dormir. Na manhã seguinte, com um grande sentimento de culpa, lava toda a louça, com a profunda certeza de que a história vai se repetir. Porque quando você passa a morar sozinho, lavar a louça vira uma tarefa muito mais difícil, mesmo que antes você dividisse a casa com 32 irmãos e o vizinho ainda fosse filar o almoço todos os dias. O negócio vai além da quantidade, vira uma luta pessoal.

Tags: CrônicaFrank UnderwoodLiberdadelouçaNetflix

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