Sempre fui dessas que corriam contra o tempo, mas ele mesmo me ensinou a parar um pouco, “fica aí na sua, amigona, relaxa e para de graça que desespero dá dor no estômago” – e dá mesmo. Percebi que, em muitas situações, era parar que fazia a diferença. Escolhi esperar.
Escolhi esperar e fazer as contas antes de sair comprando por impulso. Dívidas são mais fáceis que biscates (e biscatos) quando o objetivo é pegar um cidadão de jeito. E se for pra me afundar, que seja num cruzeiro delicioso (de preferência, só no último dia) e não me desdobrando pra pagar contas.
Esperar quando eu ligo e ninguém atende. Nem todo mundo fica com o celular na mão 24 horas por dia, principalmente quem tem o que fazer da vida. Por isso, talvez eu nem queira ligar pra quem pode atender a qualquer hora – se nunca tem nada importante pra resolver, esse tipo de gente tem grandes chances de não valer a pena.
“E se for pra me afundar, que seja num cruzeiro delicioso (de preferência, só no último dia) e não me desdobrando pra pagar contas.”
Escolhi esperar quando alguém é filha da puta comigo, mesmo que a minha vontade seja de bater com a cabeça da pessoa na parede em movimentos repetitivos (comum na TPM). Do mesmo jeito que a raiva vem, ela passa, e as chances de ficar tudo bem – comigo e todos os envolvidos – são muito maiores se eu simplesmente não tomar nenhuma atitude de cabeça quente.
Esperar pra saber a verdade antes de fazer milhões de suposições enlouquecedoras. Uma chance ao caráter é sempre válida.
Esperar minha vez na fila sem fazer comentários em voz alta sobre o quanto tá demorando, sobre só ser assim no Brasil ou sobre não ser desse jeito tantos anos atrás. Isso é chato.
Escolhi esperar pra escrever este texto. Mas isso não foi o tempo que me ensinou, foi a preguiça, mesmo.
Decidi parar. Refletir. Respirar. Acalmar.
Eu escolhi esperar mais de mim e muito, mas muito menos dos outros. Porque quando a gente faz tudo certo, o que é bom vem, independente de todos eles. Assim espero.