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Fila

Helena Perdiz por Helena Perdiz
22 de março de 2018
em Helena Perdiz
A A
"Fila", crônica de Helena Perdiz.

Imagem: Reprodução.

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O policial entrou no banco. A funcionária apontou para o homem que estava tendo um ataque nervoso.

– O senhor poderia nos acompanhar, por favor?

Anúncio. Deslize para continuar lendo.

– O cacete que eu vou acompanhar, eu quero ser atendido!

– O senhor agrediu um segurança, gritou com uma gerente e ameaçou uma senhorinha com um guarda-chuva.

– Eu sei.

– Então, o senhor precisa me acompanhar.

– Não, eu preciso ser atendido pra acabar com essa palhaçada.

Deitou no chão, de braços abertos.

– Por favor, senhor, eu preciso que se levante e me acompanhe.

– Não saio daqui antes de ser atendido.

– Como é o nome do senhor?

– Antônio.

– Antônio, colabore. Vamos só conversar e vai ficar tudo bem.

– Que dia da semana é hoje?

– Qual a relevância disso agora, Antônio?

– Só me responde: que dia da semana é hoje?

O policial colocou as mãos na cintura.

– Quinta-feira.

– Quinta-feira!

– Tá, agora levante.

– Sabe que dia eu entrei nessa porra dessa fila? Segunda-feira.

– Segunda-feira?

– Segunda-feira! A minha senha é 13.289.

– E por que o senhor não aguardou a chamada da sua senha com paciência e respeito, como todo o resto?

– Quê?

Antônio levantou.

– Todo mundo aqui está esperando calmamente.

– Porque é todo mundo imbecil. Os caixas pararam de atender pra colar figurinha do álbum da Copa. Fi-gu-ri-nha. Se reuniram todos ali atrás.

Apontou para o balcão.

– Segunda-feira! A minha senha é 13.289.
– E por que o senhor não aguardou a chamada da sua senha com paciência e respeito, como todo o resto?
– Quê?

– Mas agora eles estão trabalhando normalmente.

– Porque acabaram os pacotinhos, né? Não tem mais nada pra colar! Só sobraram as repetidas.

– E por que o senhor agrediu um segurança?

– Porque eu tentei protestar. Precisava de uma bandeira, protesto sem bandeira não é protesto. Como não tinha uma, eu peguei aquela planta. Ele veio tirar de mim e eu soltei sem querer, porque ele é forte. Foi uma agressão dele para com ele mesmo, na verdade, porque eu só soltei e ele caiu.

– E a gerente? Você gritou com a gerente.

– Ela abriu um pacote de Fandangos na mesa e parou de chamar as pessoas pra comer. Fandangos. Não tinha como ficar quieto.

– E a senhorinha que você ameaçou, Antônio?

– Ah, faça-me o favor. Sabe quantos velhinhos passaram na minha frente nessa fila desde segunda? Todos! Todos os velhinhos do mundo, do universo. Quando eu achei que não existia mais velhinho no planeta, apareceu ela.

Antônio sentou no chão e começou a chorar.

– Antônio, por favor, vamos lá fora conversar, depois que o senhor se acalmar a gente volta.

– Eu só queria respeito, sabe? Eu só queria ser atendido.

– Nós sabemos.

– Eu só queria sacar meu FGTS inativo. É pedir muito? 500 reais. Não é pedir muito. As figurinhas da Copa custaram mais que isso. Um pacote de Fandangos grande tá quase esse preço.

O policial olhou para a gerente. Olhou novamente para Antônio.

– Sacar FGTS inativo? Mas isso é no caixa eletrônico, não é?

Olhou novamente para a gerente, que confirmou com a cabeça.

– É, Antônio, dava pra ter feito direto no caixa eletrônico. Não precisava pegar essa fila.

Antônio desmaiou.

Tags: bancoCopacrônicaFandangosFigurinhaFilaNervososegurança
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