• Quem somos
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
12 de agosto de 2022
  • Login
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
Escotilha
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Crônicas
    • Helena Perdiz
    • Henrique Fendrich
    • Paulo Camargo
    • Yuri Al’Hanati
  • Colunas
    • À Margem
    • Vale um Like
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Crônicas
    • Helena Perdiz
    • Henrique Fendrich
    • Paulo Camargo
    • Yuri Al’Hanati
  • Colunas
    • À Margem
    • Vale um Like
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
Home Crônicas Helena Perdiz

Ônibus para São Paulo

Helena Perdiz por Helena Perdiz
27 de abril de 2017
em Helena Perdiz
A A
"Ônibus para São Paulo", crônica de Helena Perdiz.

Imagem: Reprodução.

Compartilhe no TwitterEnvie pelo WhatsAppCompartilhe no Facebook

Sete minutos para o ônibus sair. Ia dar tempo. Tinha que dar tempo.

– Moça, o próximo ônibus para São Paulo, por favor.

Anúncio. Deslize para continuar lendo.

– Não tem.

– Não tem o quê?

– Passagem. Ônibus. Nada, não tem nada.

– Mas não são nem nove horas da noite, cristo! Tem ônibus até meia-noite!

– Tinha. Não tem mais. Páscoa, né? As pessoas querem passar os dias com a família.

– Sim! Eu também quero! Eu sou parte das pessoas. Mas primeiro eu quero ir pra minha casa, que fica em São Paulo, e sair desse fim de mundo.

– Comprasse a passagem antes, amiga. Vendi a última às 15 horas, para o último ônibus. Agora só tem às sete.

– Então me vê uma pra Campinas, meus pais moram lá, fica perto.

– Não tem.

– Não é possível! Moça, eu só vim pra cá pra fazer uma reunião, não conheço ninguém na cidade. Eu não posso dormir no chão da rodoviária.

– Pode.

– Você é meio sem educação, né?

Um homem atrás na fila gritou. Ele também queria ter a chance de não poder comprar sua passagem.

– Moça, me ajuda. Abre o seu sistema, tem um lugarzinho, eu tenho certeza. Ó esse cara gritando comigo aqui atrás, tenha dó de mim.

– Não tem lugarzinho. Você pode comprar a passagem das sete ou deixar a próxima pessoa vir aqui reclamar.

– E se eu for em pé?

O homem gritou novamente.

– Posso atender o senhor atrás de você? Não tenho mais nada pra oferecer.

– Sabe onde é o hotel mais próximo?

– Google.

– Mas olha, você, puta que pariu, viu. Que puta que pariu.

Sentou no chão da rodoviária lotada e começou a pesquisar hotéis. Duas horas depois, voltou para a fila do guichê.

– Você de novo?

– Eu de novo, moça. Não tem vaga em nenhum hotel. Nenhum da-ci-da-de! Você vai precisar conseguir uma passagem pra mim.

– Não tem passagem, eu não tenho como ajudar.

– E se eu for dirigindo o ônibus?

– Você é louca?

– É sério!

Cochilou um pouco e acordou com uma criança ao seu lado, com uma calcinha na cabeça. Preferiu não tentar entender a cena. Voltou para o guichê.

– Temos motorista.

– Ele descansa, eu guio. Excelente motorista, sério.

– Próximo!

– Nada de próximo, ainda tô sendo atendida.

– PRÓXIMO!

Voltou para o cantinho em que estava sentada. Bateria do celular acabando. Cochilou um pouco e acordou com uma criança ao seu lado, com uma calcinha na cabeça. Preferiu não tentar entender a cena. Voltou para o guichê.

– Você.

– Eu.

– Ainda não temos passagem, mas a boa notícia é que daqui a sete horas serão sete da manhã.

– O último ônibus vai sair agora. Daqui a cinco minutos.

– Isso mesmo.

– E se eu for no colo de alguém?

– Você é mesmo louca.

– Mas, assim, se a pessoa aceitar, entendeu? Se eu conseguir convencer imediatamente uma pessoa a me deixar viajar no colo, eu posso? Eu pago a passagem por fora.

– Completamente louca.

– No compartimento das bagagens. Eu posso, inclusive, ajudar a cuidar dos materiais frágeis.

– Não. São 48 lugares e todos foram vendidos. Quer passagem para as sete da manhã?

– Não! Precisa ser pra agora.

– Vamos fechar. Se não comprar agora, não vai conseguir nem pra amanhã cedo.

– Cacete. Tá, me dá uma passagem pra amanhã cedo então.

Foi uma noite interminável. Tentou descansar de todas as maneiras possíveis, mas não conseguiu pregar os olhos. A criança da calcinha na cabeça passou por ela várias vezes ao longo da madrugada. Onde estaria a mãe daquela criatura?

Às sete, finalmente, estava preparada para dormir no conforto do ônibus. Entregou a passagem, entrou e se ajeitou na poltrona 31. Estava preparada para o sono profundo logo depois que o motorista desse as instruções de praxe do início da viagem.

– Bom dia! Meu nome é Rafaelo, vou conduzir vocês até Minas. Peço para que todos utilizem o cinto de segurança, que é obrigatório. Tenham uma boa viagem.

Levantou desesperada.

– MOÇO! Motorista! Pelo amor de Deus, você disse Minas?

– Isso, Minas.

– Este ônibus não tá indo pra São Paulo?

– São Paulo do Passa Quatro, Minas Gerais.

Tags: calcinhacriançacrônicaGoogleguichêMinasmoçaMoçomotoristaonibusPáscoapassagemrodoviáriaSão Paulo
Post Anterior

Beleza e simplicidade no trabalho da Unbelievable Things

Próximo Post

Quando as máquinas param

Posts Relacionados

"Neymar", crônica de Helena Perdiz.

Neymar

17 de maio de 2018
Vampiro - Helena Perdiz

Vampiro

3 de maio de 2018

Cabelo

26 de abril de 2018

Anjinho

19 de abril de 2018

Parto

12 de abril de 2018

Geladeira

5 de abril de 2018

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

  • Salman Rushdie com seu livro 'Os Versos Satânicos'

    A polêmica de ‘Os Versos Satânicos’

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • 4 coisas que você precisa saber para entender ‘WandaVision’

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘Tudo é rio’, de Carla Madeira, é uma obra sobre o imperdoável

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘Procura-se’ trabalha suspense a partir do desespero de casal com filha desaparecida

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘A Ilha’ traz personagens perturbados para elevar e manter o suspense

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
Instagram Twitter Facebook YouTube
Escotilha

  • Quem somos
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Colunas
    • Cultura Crítica
    • Vale um Like
  • Crônicas
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção

© 2015-2022 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Cinema & TV
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Colunas
  • Artes Visuais
  • Crônicas
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2022 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Welcome Back!

Login to your account below

Forgotten Password?

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In