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Home Crônicas Henrique Fendrich

Amar como Platão amou

Henrique Fendrich por Henrique Fendrich
22 de julho de 2015
em Henrique Fendrich
A A
"Amar como Platão amou", crônica de Henrique Fendrich

Imagem: Reprodução.

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Se eu me atrasar, um minuto que seja, não a vejo mais. Isso significa um dia triste, um dia ruim no trabalho, um dia perdido, sem avançar um centímetro sequer. É assim desde que percebi que você faz o mesmo trajeto que eu, todos os dias, mais ou menos no mesmo horário. Acho pouco provável que você também não tenha me percebido, mas só perceber não quer dizer nada. Pode até ser que fique aborrecida quando me vê e pense “esse cara de novo!”, mas a verdade é que a maior parte das vezes que nos encontramos foi por mero acaso. Isto no começo, é claro: agora eu tento não me atrasar, um minuto que seja, senão não a vejo mais. Às vezes dá certo, às vezes eu a vejo caminhando à minha frente, mas só vejo, não confesso o que penso a seu respeito.

Amo-te, mas amo-te como Platão amou, o que é quase não amar, ou, pelo menos, é um nunca ficar satisfeito por amar. A razão brada: – É impossível! E eu abaixo a cabeça e concordo: é mesmo impossível. Mas isso apenas quando eu não a vejo, quando não caminha à minha frente, quando eu não estou observando todos os seus movimentos na expectativa de que alguma coisa extraordinária aconteça. Porque neste momento eu duvido da razão, eu duvido da lógica, e acredito no impossível, no imponderável, no inimaginável, em qualquer coisa ainda melhor do que as previsões mais otimistas. Eu acredito que você irá olhar para trás, acredito até o último momento que você irá olhar para trás, e será de propósito, será um sinal que você sabe que eu estou ali, que você consente que eu esteja ali, e talvez sinta alguma coisa parecida com o que eu sinto, e então, ah, então, então pode ser que as coisas deem certo mesmo. Mas – ai de mim! – você não olha para trás, e mesmo se olhasse pode ser que fosse por acaso, pode ser que eu ficasse em dúvida se foi para mim mesmo que você olhou, e não tem nada pior do que ficar em dúvida nessas questões de amor – mesmo este amor que não chega nem a sair do peito.

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“Amo-te, mas amo-te como Platão amou, o que é quase não amar, ou, pelo menos, é um nunca ficar satisfeito por amar.”

O diabo é não ter um nome, um nome para sussurrar, para rabiscar nos cadernos, para gritar nos momentos de desespero. É preciso analisar atentamente as suas mãos, descobrir se por acaso não existe algum tipo de anel, um anel que me desautorize a ficar olhando, insistindo e criando expectativa, mas como, como é que se olha para as mãos de uma pessoa que apenas caminha à sua frente? De vez em quando passa a mão pelo cabelo, ajeita a bolsa, tira o celular do bolso da calça, mas isso dura tão pouco tempo que eu mal posso estar certo do que eu vi ou deixei de ver. É estatisticamente provável que haja um anel, que haja uma história, mas eu já dei a entender que, quando te vejo, passo por cima de probabilidades, tendências e possibilidades: amo-te.

Bem, talvez não ame, talvez apenas queira amar, talvez eu nem saiba que você é muito diferente de mim, que você odeia ler, que é fã de sertanejo universitário – vai saber. Às vezes eu penso em alcançá-la na faixa de pedestres, ficar lado a lado, puxar assunto, falar alguma coisa, essas que saem tão naturalmente da boca dos outros, da boca de quem nunca teve um amor escondido, de quem nunca viu motivo para esconder. E às vezes eu penso que a culpa é toda de Platão.

Tags: amor platônicocrônicaPlatãoplatonismo
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Commentários 0

  1. Madô Martins says:
    7 anos atrás

    Maravilhoso, Henrique!

    Responder

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