• Quem somos
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
25 de maio de 2022
  • Login
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
Escotilha
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Crônicas
    • Helena Perdiz
    • Henrique Fendrich
    • Paulo Camargo
    • Yuri Al’Hanati
  • Colunas
    • À Margem
    • Vale um Like
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Crônicas
    • Helena Perdiz
    • Henrique Fendrich
    • Paulo Camargo
    • Yuri Al’Hanati
  • Colunas
    • À Margem
    • Vale um Like
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados

Eu, Presidente da República

Henrique Fendrich por Henrique Fendrich
26 de setembro de 2018
em Henrique Fendrich
A A
"Eu, Presidente da República", crônica de Henrique Fendrich.

Imagem: Reprodução.

Compartilhe no TwitterEnvie pelo WhatsAppCompartilhe no Facebook

Houve um dia em que eu quis me candidatar a presidente da República. Foi antes mesmo que eu tivesse idade suficiente para votar. Tinha 15 anos e gostava de assistir aos programas eleitorais. O que eu via neles, no entanto, desagradava-me de tal maneira que comecei a pensar em como faria se o candidato fosse eu mesmo. Iria me concentrar na exposição de propostas práticas, evitando ao máximo usar termos vagos e gerais, como é do agrado de tantos políticos. Suprimiria todos os ataques e as acusações levianas, pois não me parecia honesto que eu buscasse crescer nas pesquisas à custa da execração alheia. Em suma, faria uma campanha limpa e propositiva, o que, por si só, já seria uma revolução no horário eleitoral.

Comportamento idêntico eu adotaria quando participasse dos debates. Eu já assistia aos debates e já me indignava com a maneira como os candidatos se comportavam neles. Percebia muito bem quando os candidatos não respondiam ao que se perguntava, notava a falta de lógica na argumentação e me sentia enojado diante do festival de falácias e frases-feitas com que tentavam arregimentar eleitores. Tudo isso me fazia imaginar as respostas que eu daria se fossem dirigidas a mim certas perguntas, e as respostas que eu daria seriam definitivas e exporiam o ridículo da situação. Ah, que belos discursos eu iria proferir. As perguntas que eu faria seriam incisivas e iriam direto ao ponto. Não me agradavam os floreios com que os candidatos enfeitavam as suas falas. Eu dispensaria os marqueteiros, pois já percebia que o esforço deles é para criar um candidato mais agradável que o real.

Anúncio. Deslize para continuar lendo.

Em síntese, eu inauguraria uma nova fase na política brasileira.

Em síntese, eu inauguraria uma nova fase na política brasileira. Evidentemente, o mais provável é que, se fosse realmente candidato, eu seria esmagado pelas velhas raposas, se é que conseguiria chegar ao ponto de precisar ser esmagado por alguém. O mais provável é que eu fosse um candidato obscuro, sem direito a participar dos debates, com cinco segundos para falar na televisão. Quando saísse uma pesquisa, diriam que “o candidato Henrique Fendrich não foi citado”. Mas aos 15 anos ainda é possível acreditar.

Verdade é que eu pensava unicamente no que faria durante a campanha, e não no que faria depois de ser eleito. Eu não tinha um projeto de Brasil, não sabia, como ainda não sei, qual é o melhor meio de se dirigir os rumos de uma nação. E como também já intuísse que não seria muito fácil sair candidato a presidente, ocorreu-me que talvez devesse me tornar um cientista político. Isso me permitiria comentar as campanhas eleitorais, eventualmente ressaltar todo o absurdo que já conseguia identificar nelas, mas sem que, com isso, fosse obrigado a fazer algo diferente. E Deus é testemunha que eu cheguei a pesquisar na Internet quais as faculdades que ofereciam o curso de Ciências Políticas. Houve um momento em que esse curso pareceu-me mais atraente que o de Letras. Felizmente, ou não, acabei atraído pelo Jornalismo, que pode até lidar com política, mas então eu já não tinha o mesmo interesse em mexer com essas coisas.

De modo que morreu aí o meu desejo de ser candidato à presidência da República. Vendo hoje a campanha eleitoral, estou certo de que os motivos que me indignaram aos 15 anos ainda persistem, até pioraram. Hoje sei que não teria estômago para esse meio. Ainda acompanho tudo, mas é com o olhar de um antropólogo a observar com curiosidade uma estranha civilização da qual não deseja fazer parte.

Jamais saberemos o que o Brasil perdeu com a minha renúncia da vida política, é verdade, mas não deve ter sido muita coisa. Também é duvidoso que tenha ganhado alguma coisa, mas deixemos isso para lá. Tudo o que espero é que as eleições passem logo.

Tags: Campanha Eleitoralcandidatociências políticascrônicaeleiçõespresidentePresidente da República
Post Anterior

‘O livro de Zenóbia’ é uma experiência sensorial

Próximo Post

‘O livro das vidas’: obituários como exercícios de sensibilidade

Posts Relacionados

"Drama da mulher que briga com o ex", crônica de Henrique Fendrich.

Drama da mulher que briga com o ex

24 de novembro de 2021
"A vó do meu vô", crônica de Henrique Fendrich

A vó do meu vô

17 de novembro de 2021

Saint-Exupéry e o mundo deserto

10 de novembro de 2021

Das laranjas e dos crepúsculos

3 de novembro de 2021

Pedalando na chuva

27 de outubro de 2021

Mulher do 3×4

20 de outubro de 2021
  • O primeiro episódio de WandaVision nos leva a uma sitcom da década de 1950.

    4 coisas que você precisa saber para entender ‘WandaVision’

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • 25 anos de ‘Xica da Silva’, uma novela inacreditável

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘Tudo é rio’, de Carla Madeira, é uma obra sobre o imperdoável

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘O Nome da Morte’ usa violência crua em história real de matador de aluguel

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • Matt Damon brilha como pai atormentado de ‘Stillwater’

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
Instagram Twitter Facebook YouTube
Escotilha

  • Quem somos
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Colunas
    • Cultura Crítica
    • Vale um Like
  • Crônicas
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção

© 2015-2021 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Cinema & TV
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Colunas
  • Artes Visuais
  • Crônicas
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2021 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Welcome Back!

Login to your account below

Forgotten Password?

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In