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Home Crônicas Henrique Fendrich

Talvez o governo devesse suspender a energia elétrica

porHenrique Fendrich
17 de maio de 2017
em Henrique Fendrich
A A
"Talvez o governo devesse suspender a energia elétrica", crônica de Henrique Fendrich.

Imagem: Reprodução.

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Um dia a luz acaba, e ainda por cima de noite, que é quando nós mais precisamos dela. Ah, era só o que nos faltava, chegar em casa, depois de mais um cansativo dia de trabalho, e não conseguir relaxar, porque a televisão, o computador, o chuveiro, tudo aquilo que nos reconforta, tudo depende da energia elétrica. A primeira coisa que nos ocorre é descobrir se foi apenas aqui, em nossa casa, ou se toda a rua está às escuras. Abrimos a porta, vamos até a frente de casa e descobrimos que os postes de iluminação estão funcionando perfeitamente. Será possível que é apenas aqui em casa, será que eu terei que resolver sozinho o problema com a companhia de energia elétrica? Mas bem pode ser que os postes tenham luz e as casas não. E, de repente começamos a ver outras pessoas, nossos vizinhos, que também saem de suas casas, também vêm para fora, também querem descobrir se alguém mais está sem energia elétrica. Um pergunta daqui, outro responde dali, e no fim todos descobrem que o problema é geral, que todas as casas da vizinhança estão às escuras.

Isso, de certa forma, nos alivia, pois quanto mais gente for afetada, quanto mais gente reclamar, mais rapidamente tratarão de resolver o nosso problema. Aos poucos, nos aproximamos uns dos outros, queremos pensar juntos em estratégias para resolver a questão. Parece que um vizinho já ligou para a companhia elétrica, eles já estão cientes do acontecido. O motivo, a razão que fez com que a energia caísse, no entanto, não foi esclarecido. Talvez alguém tenha batido em um poste. Tudo pode ser, e nós permanecemos juntos esperando por uma solução.

Aos poucos, o nosso grupo de pessoas aumenta. A verdade é que nós descobrimos vizinhos que nem suspeitávamos. De todas as casas saem homens, mulheres, idosos e crianças que nunca havíamos visto, ou, pelo menos, em quem nunca havíamos prestado atenção. E, no entanto, eles estavam ali todos os dias, a apenas alguns metros de nós, vivendo, amando, dormindo, como nós mesmos. Em pouco tempo, a rua está tomada de gente, e são todos vizinhos, e são todos estranhos entre si. Mas temos algo em comum, unimo-nos em imprecações contra a companhia elétrica, que não nos dá uma resposta satisfatória, já ligaram de novo e até agora nada. Fazemos piadas sobre o governo, o presidente, a crise. É verdade, achamos graça no episódio. E nos deixamos estar ali, conversando, porque também não é vantagem voltar para uma casa escura.

Em pouco tempo a rua está tomada de gente, e são todos vizinhos, e são todos estranhos entre si.

Uma mulher chegou em casa e não conseguiu entrar porque o portão eletrônico não funcionava. Ela também não conseguia colocar no modo manual e empurrá-lo, e então todos nós tentamos, todos nós palpitamos e nos dispomos a fazer algo. Nosso esforço não foi em vão, depois de algum tempo conseguimos abrir o portão, conseguimos ajudar essa vizinha que nunca havíamos visto.

Talvez devêssemos ter mais momentos como esse, talvez o governo devesse suspender a energia elétrica em toda a cidade duas ou três noites por mês. Vem a primeira previsão de retorno da energia para dali a uma hora. A luz vai voltar, nós vamos voltar para as nossas casas, e de lá não sairemos tão cedo, só se uma circunstância maior nos expulsar. E então, entre nós, tudo voltará a ser trevas.

Tags: Crônicaenergia elétricaluzqueda de energiavizinhos

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