2021 vai se encaminhando ao fim com a língua de fora, ofegante. Foi um ano de grandes perdas e, em alguns momentos, desesperador, cruel. As vacinas, ainda que banalizadas por discursos negacionistas, foram iluminando o horizonte, dissipando a névoa, e, ao que tudo indica, o pior talvez já tenha passado.
A prudência, no entanto, sussurra ao pé do ouvido que é preciso estar atento e forte. Não é o caso dela ainda duvidar.
O melhor deste momento de transição tem sido poder tocar, do leve toque expressivo, daqueles que o corpo produz de forma quase involuntária, até os mais planejados, sonhados, mas não menos impetuosos. Alguém aí discorda que estávamos, e ainda estamos, represados, subindo pelas paredes?
Se há algo que a pandemia ensinou é que o afeto provou ser artigo de primeira necessidade. E não se trata apenas de carinho. Recorro à origem etimológica de afetar, que vem do latim afficere, que significa fazer algo a alguém, influir sobre.
Precisamos dessa experiência, tão banal em condições normais de temperatura e pressão, porém agora tão absolutamente fundamental à existência.
Se há algo que a pandemia ensinou é que o afeto provou ser artigo de primeira necessidade. E não se trata apenas de carinho. Recorro à origem etimológica de afetar, que vem do latim afficere, que significa fazer algo a alguém, influir sobre.
O distanciamento social, medida extrema de sobrevivência, e ainda em vigor, se não impediu, limitou a capacidade de afetar, e de expressar muitos afetos. Outrossim, também possibilitou o desenvolvimento de outras formas de aproximação, de sensibilizar quem estava fora do alcance, por meio de palavras e gestos.
Esse aprendizado forçado, caso não tenha resultado em atrofia, poderá se revelar valioso no futuro em outros momentos de exceção. Esses dois anos não podem ter sido em vão.