• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Crônicas Paulo Camargo

Como nossas mães e avós

porPaulo Camargo
25 de setembro de 2018
em Paulo Camargo
A A
"Como nossas mães e avós", crônica de Paulo Camargo.

Imagem: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

Sou um desajustado. Recuso-me a bater continência. Ou a dizer amém sem saber por quê. Fiz a primeira comunhão por conta própria sem aula de catecismo, durante uma festa de Dia das Mães no colégio de freiras onde estudava. Fui lá e comunguei. Daí fui conversar com uma das irmãs do Sagrado Coração de Maria e contei minha façanha. Ela ficou em silêncio por um ou dois minutos. Até me perguntar: “Onde está Deus?”. “Em todo lugar, dentro de mim. Acho”, respondi. Um sorriso e um afago, seguidos de muito alívio. Estava feito meu ajuste de contas com meu Deus, que nunca foi seletivo, e nem mesmo sei que rosto tem, nem se é homem ou mulher. Apenas que está no mundo, na pedra e no céu. Nas formigas e no vento, também. Só não reside na intolerância, senão deixa de servir para mim. Vira capitão. Daí, estou fora!.

Mas, voltando ao desajuste, acho que devo sofrer desse mal. Pelo menos é o que pensa o general Mourão, para quem governar o país é algo como uma aula de equitação ou adestramento de equinos. Ele parece gostar de cavalos, mas não tenho bem certeza de que esses animais gostem muito dele. Ele pisa pesado e fala como quem dá coices. Para o militar, que sonha ser vice-presidente do Brasil, filhos criados por mães e avós estão fadados ao fracasso. Devo ser um fracassado, então, além, é claro, de desajustado.

Tudo que sou e consegui na vida devo a duas mulheres. Talvez nem estivesse aqui escrevendo não fosse por elas.

Tudo que sou e consegui na vida devo a duas mulheres. Talvez nem estivesse aqui escrevendo não fosse por elas. Tive um pai ausente, que hoje vejo todos os dias e a quem sempre amei à distância. Se estamos tão próximos hoje é porque não desaprendi a amar, a sentir. Quem fazia essa lição de casa comigo era minha mãe, que trabalhou muito para que pudesse estudar, ler livros, escutar música, ver filmes, viajar, ver o mundo e trabalhar. E não desaprendesse a amar. Ela sempre fez questão de manter a janela aberta para mim e dizia: “Olha!”.

Minha avó me levava ao cinema. Vi com ela ….E o Vento Levou e Tubarão. Dois excelentes motivos para amá-la até o fim dos tempos, sem falar de sua maravilhosa lasanha de berinjela à milanesa. Mas ela era bem mais do que isso: ela cuidava de mim. O mundo, e as pessoas que o habitam, precisam de quem cuida uns dos outros com zelo, carinho, atenção. Pouco importa a configuração da família. Pai e mãe. Pai e pai. Mãe e mãe. Apenas avô e avó. Só pai ou só mãe. Família é um conceito amoroso, portanto elástico.

E me pergunto: ser ajustado em relação a quê? A quais normas? A modelos comportamentais que oprimem e não libertam, condicionam e não despertam ao voo, às descobertas? Famílias de verdade sentam ao redor da mesa para ver o filho criar a sua arte, exercer a sua individualidade, existir em sua plenitude. Esperam que sejam felizes, sinceros, empáticos, solidários. E não ajustados.

Tags: avósCrônicafamíliafelcidadeGeneral Mourãomãesplenitude

VEJA TAMBÉM

Calçadão de Copacabana. Imagem: Sebastião Marinho / Agência O Globo / Reprodução.
Paulo Camargo

Rastros de tempo e mar

30 de maio de 2025
Imagem: IFA Film / Reprodução.
Paulo Camargo

Cabelo ao vento, gente jovem reunida

23 de maio de 2025

FIQUE POR DENTRO

Calçadão de Copacabana. Imagem: Sebastião Marinho / Agência O Globo / Reprodução.

Rastros de tempo e mar

30 de maio de 2025
Banda carioca completou um ano de atividade recentemente. Imagem: Divulgação.

Partido da Classe Perigosa: um grupo essencialmente contra-hegemônico

29 de maio de 2025
Chico Buarque usa suas memórias para construir obra. Imagem: Fe Pinheiro / Divulgação.

‘Bambino a Roma’: entre memória e ficção, o menino de Roma

29 de maio de 2025
Rob Lowe e Andrew McCarthy, membros do "Brat Pack". Imagem: ABC Studios / Divulgação.

‘Brats’ é uma deliciosa homenagem aos filmes adolescentes dos anos 1980

29 de maio de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.