Crianças têm muito a aprender com o movimento das gangorras. A começar pelo fato de que ele só é possível se for desencadeado por dois indivíduos. Não é, portanto, um brinquedo para solitários, ainda que a solidão tenha, muitas vezes, pouco ou nada a ver com estar só. Há, no entanto, nesse prosaico brinquedo infantil uma lição ainda mais sutil em sua dinâmica de subir e descer: o equilíbrio. Esse, sim, é um conceito valioso, essencial, sobretudo, para compreender como deve se dá o jogo de poder e entendimento entre dois participantes que pretendam compartilhar uma experiência que faça algum sentido para um e outro.
Crianças têm muito a aprender com o movimento das gangorras. A começar pelo fato de que ele só é possível se for desencadeado por dois indivíduos. Não é, portanto, um brinquedo para solitários, ainda que a solidão tenha, muitas vezes, pouco ou nada a ver com estar só. Há, no entanto, nesse prosaico brinquedo infantil uma lição ainda mais sutil em sua dinâmica de subir e descer: o equilíbrio.
Na gangorra, é necessário um acordo, ainda que tácito, de consentimento. Para que o dispositivo cumpra seu papel e entre em ação como se espera, os dois deverão se olhar, para entender a intenção de subir ou descer, mais rápido ou devagar, e ambos possam desfrutar daqueles momentos se estiverem dispostos a compartilhá-los.
Caso contrário, não será brinquedo, não haverá prazer. Apenas engrenagem, mecanicidade.
O equilíbrio, pressuposto fundamental das gangorras, deve também valer para além dela. O entendimento das intenções mais sutis, seja as contidas nos olhares, gestos ou nas atitudes, dão sentido às relações que detenham alguma pessoalidade.
O sobe e desce é inevitável. Nem sempre há o desejo de brincar, mas há que existir equilíbrio de afetos, um encontro de anseios, caso contrário brincar faz nenhum sentido. Não há porque dançar, se apenas um ouve a música.