Entre as descobertas que fiz em 2018, a mais significativa foi a de que não se deve perder tempo discutindo com quem acredita ter certezas absolutas, convicções inflexíveis. É como tentar afagar uma parede, à espera de um arrepio, de um sinal de vida, e vulnerabilidade, que permita uma aproximação verdadeira, epidérmica. Quando uma ideia se transforma em fé cega, ou em palavra de ordem, o melhor a fazer não é recuar, por medo, mas desviar, estrategicamente, por respeito a nós mesmos, à nossa alma e saúde mental.
Ao longo de 2018, também me dei conta de que é maravilhoso não caminhar em linha reta, se permitir as dúvidas, a inquietação. Cerrar os punhos, disparar insultos, para enfrentar o contrário, o suposto inimigo, apenas denunciam a fragilidade de argumentos, a necessidade de impor em vez de propor. E este ano não foi um ano de propostas, e sim de tiros disparados a esmo, de facadas reais e virtuais, de calúnias e insultos. Também foi feito de mentiras e intensa incomunicabilidade, apesar de, ironicamente, o grande campo de batalha tenha sido as redes sociais, o WhatsApp, instâncias nas quais as pessoas vivem sob a ilusão de fazerem parte de um mundo interligado, sem se darem conta de que estão profundamente sós.
Ao longo de 2018, também me dei conta de que é maravilhoso não caminhar em linha reta, se permitir as dúvidas, a inquietação. Cerrar os punhos, disparar insultos, para enfrentar o contrário, o suposto inimigo, apenas denunciam a fragilidade de argumentos, a necessidade de impor em vez de propor. E este ano não foi um ano de propostas, e sim de tiros disparados a esmo, de facadas reais e virtuais, de calúnias e insultos.
Preferi, em 2018, estar mais nas ruas, sair por aí, observar e ouvir, e não tentar me explicar. Não achei que fosse o caso de ser coerente por princípio, mas talvez por consequência. Procurei compreender o mundo, por meio dos sentidos – visão, audição, olfato, tato e paladar -, numa tentativa de, se não escapar de minha bolha, tentar lhe dar alguma permeabilidade. Poros capazes de me permitir contato com outras bolhas, que me permitissem trocas de fluídos. E, assim, diluir um pouco as minhas certezas – sim, eu as tenho -, as colocando em dúvida.
Não desejo mal a quem rejeitou o que eu tinha a dizer em 2018. Apenas decidi que manterei uma distância segura de quem acredita no que me agride e insulta, desafiando meus conceitos de humanidade. Que tenham a oportunidade de perceber se têm ou não razão, e de desenvolver não apenas senso crítico, mas a capacidade autocrítica, talvez hoje a maior de todas as virtudes nestes tempos de cólera. Lutem por suas crenças, mas não pisem em ninguém!
Despeço-me de 2018 também feliz, por ter cumprido algumas metas pessoais e vivido intensamente o que realmente importa. Se perdi um bocado, também recebi alguns doces presentes. Percebi que fiz faxina, mudei móveis de lugar, cheguei mais perto da minha essência, em nome do amor, da vida que pulsa, e não apenas da que adormece no conservadorismo e no receio de mudanças. Que venha 2019.