• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Crônicas Paulo Camargo

Uma casa no campo

porPaulo Camargo
8 de agosto de 2017
em Paulo Camargo
A A
Uma casa no campo

Capa do disco 'Elis', de 1972. Foto: Paulo Camargo.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

Uma lembrança feliz. Em uma vitrola Grundig, que eu acabara de ganhar de aniversário, rodava um disco de Elis Regina, que levava apenas seu primeiro nome como título. Na capa do LP, uma foto da cantora, com cabelos muito curtos, vestido de renda branca, sentada em uma cadeira de vime azul. No rosto, um sutil, mas evidente sorriso. Ao fundo, um jardim, belo e desfocado, como um cenário algo etéreo, imaginário.

O álbum, lançado em 1972, é, na falta de um adjetivo melhor, uma covardia, experiência estética como poucas que guardo de uma infância embalada por muita música brasileira. Graças a Deus! Abre com a faixa “20 Anos Blue” (de Suely Costa de Vitor Martins), e passa pelos clássicos “Nada Será Como Antes” (de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos), “Macuripe” (Fagner e Belchior), “Atrás da Porta” (de Chico Buarque e Francis Hime”) e “Águas de Março”, que dois anos mais tarde ganharia versão definitiva em forma de dueto, no maravilhoso Elis & Tom, um dos melhores álbuns na história da música popular brasileira.

Uma lembrança feliz. Em uma vitrola Grundig, que acabara de ganhar de aniversário, rodava um disco de Elis Regina, que levava apenas seu primeiro nome como título. Na capa do LP, uma foto da cantora, com cabelos muito curtos, vestido de renda branca, sentada em uma cadeira de vime azul. No rosto, um sutil, mas evidente sorriso. 

Uma música de Elis, no entanto, até hoje me emociona. Talvez porque em “Casa no Campo”, de Zé Rodrix e Tavito, eu sempre tenha ouvido mais do que uma intérprete esplêndida. Desde menino, quando não tinha lá muita noção sobre música e poesia, eu ouço a mulher por trás da artista, falando comigo, revelando seus anseios, apesar de os versos não serem de sua autoria. Há tanta verdade na voz que mesmo hoje, 35 anos após sua morte, eu a ouço falando quando canta: “Eu quero uma casa no campo/Onde eu possa ficar do tamanho da paz/E tenha somente a certeza/Dos limites do corpo e nada mais” e “Eu quero a esperança de óculos/E meu filho de cuca legal/Eu quero plantar e colher com a mão/A pimenta e o sal”.

Quem conhece a biografia de Elis, sabe que ela, sempre que seus contratos a permitiam, escolhia seu repertório a dedo, e defendia, com unhas e dentes, o direito – e, sim, o privilégio – de gravar, e cantar, o que acreditava, composições que expressavam seu olhar para o mundo. Se não revelou, catapultou a carreira de grandes compositores, como Ivan Lins, Milton Nascimento, Renato Teixeira, João Bosco…  E “Casa no Campo”, apesar de dividir espaço com clássicos incontornáveis na carreira da cantora, foi o grande sucesso do álbum, que também marca o início da parceria artística e amorosa com o maestro e arranjador César Camargo Mariano.

Quando retorno a essa canção, e o faço com certa frequência, vejo o selo azul da Philips rodando no meu toca-discos, e me percebo na letra tão lindamente entoada pela voz de Elis. “Eu quero o silêncio/Das línguas cansadas.”

Tags: álbumCesar Camargo MarianoCrônicaElis ReginaGrundigIvan LinsJoão BoscoMilton Nascimentomúsica popular brasileiraRenato TeixeiraTavitoZé Rodrix

VEJA TAMBÉM

"A falta que Fernanda Young faz", crônica de Paulo Camargo
Paulo Camargo

A falta que Fernanda Young faz

8 de fevereiro de 2022
"Hygge", crônica de Paulo Camargo
Paulo Camargo

Hygge

28 de janeiro de 2022
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

A artista visual Mariana Valente. Imagem: Reprodução.

Mariana Valente: “Clarice Lispector escrevia como quem cria um rasgo na linguagem”

16 de maio de 2025
Stephen Sanchez traz seu som nostálgico ao C6 Fest. Imagem: Divulgação.

C6 Fest – Desvendando o lineup: Stephen Sanchez

15 de maio de 2025
Claudio Cataño dá vida ao Coronel Aureliano Buendía na adaptação de 'Cem Anos de Solidão'. Imagem: Netflix / Divulgação.

‘Cem Anos de Solidão’ transforma o tempo em linguagem

15 de maio de 2025
Aos 24 anos, Cat Burns vem ao Brasil pela primeira vez. Imagem: Divulgação.

C6 Fest – Desvendando o lineup: Cat Burns

14 de maio de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.