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Home Crônicas Paulo Camargo

Uma distopia brasileira

porPaulo Camargo
24 de março de 2020
em Paulo Camargo
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Imagem: Reprodução.

Imagem: Reprodução.

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  • Admirável Mundo Novo, 1984, Laranja Mecânica Mecânica. Distopias sempre me fascinaram. Talvez porque, ainda que de forma intuitiva, percebi muito cedo que a ficção, ao projetar o futuro, sempre partiu de inquietações do presente. Como se a literatura e o cinema, ao olhar para frente no tempo, reclamassem para si a responsabilidade de construir tramas cautelares, capazes de nos alertar sobre os riscos. De colocar a tecnologia e a economia acima do humanismo, de defender um Estado autoritário e onipresente ou de naturalizar a violência como forma inescapável de resolução de conflitos, por meio da exaltação das armas, da força bruta.

Nas últimas duas semanas, tornou-se mais concreta a sensação de estar vivendo, em tempo real, em uma distopia, que já se insinuava nos últimos anos, quando o Brasil foi sendo tomado por uma onda conservadora, moralista, beligerante e autoritária. Claro que estar em quarentena, trancado no interior do meu apartamento, a me proteger de uma ameaça tão invisível quanto concreta e potencialmente letal, como o Covid 19,  tornou óbvio o que antes era sutil. A pandemia do coronavírus, que antes parecia notícia de um país distante, bateu à nossa porta.

Nas últimas duas semanas, tornou-se mais concreta a sensação de estar vivendo, em tempo real, em uma distopia, que já se insinuava nos últimos anos, quando o Brasil foi sendo tomado por uma onda conservadora, moralista, beligerante e autoritária.

Distanciamento social, vias públicas vazias, lojas fechadas, pessoas de máscaras nos corredores de supermercados e um presidente autoritário que se recusa a admitir a gravidade desse momento são aspectos dessa trama que nos lança, como nação, em um fosso sem fundo de incertezas. Estamos com medo de ficar doentes, de perder o emprego, de ficar sem dinheiro, de abrir mão da liberdade de ir e vir, de morrer.

É irônico, mas de certa forma previsível, que o lar, o ambiente doméstico, símbolo maior da privacidade, tenha se tornado, por força das circunstâncias, o último refúgio onde podemos nos proteger dessa terrível doença capaz de destruir nossos corpos em pouco tempo. A pandemia nos força, dia após dia, a abandonar os locais de circulação pública, como ruas, praças, parques, universidades, shoppings, cinemas, teatros, igrejas e, por fim, nossos locais de trabalhos, para fugir da enfermidade, do sofrimento, da morte. Nesta guerra, nossas casas se transformaram em bunkers, e, também, em trincheiras. Como humanidade, estamos de certa forma voltando às cavernas.

Os que podem, e muitos no Brasil não conseguirão, devem tentar aproveitar esse recolhimento para repensar seus modos de vida, certezas, rotinas. É certo que nada será como antes quando tudo isso passar. A distopia que se instala, dia após dia, nos força não apenas a ficar do lado de dentro, em barricadas simbólicas, mas a olharmos para dentro, a nos investigarmos como indivíduos e sociedade. Neste momento, podemos aprender a enxergar na escuridão, lembrando que o sol há de brilhar mais uma vez, mas isso demanda coragem e, por fim, humanidade.

Tags: CinemaCivid 18coronavirusCrônicadistanciamento social doenaDistopiaenfermidadeficçãoLiteraturapabdemia

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