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Home Crônicas Paulo Camargo

Vendo o trem passar com John Lennon

porPaulo Camargo
1 de novembro de 2016
em Paulo Camargo
A A
"Vendo o trem passar com John Lennon", crônica de Paulo Camargo.

Imagem: Reprodução.

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Em Double Fantasy, um de meus álbuns de cabeceira, lançado por John Lennon e Yoko Ono em novembro de 1980, dias antes de o ex-beatle ser assassinado a tiros em Nova York, há uma canção que nunca deixei de ouvir e me encanta até hoje: “Watching the Wheels”. Talvez porque sua letra de alguma forma diga muito sobre minha forma de enxergar o mundo.

Menos popular que outros hits do disco, como “(Just Like) Starting Over” ou “Woman”, “Watching the Wheels”, a exemplo de todas as faixas compostas por Lennon para Double Fantasy, diz muito sobre o estado de espírito de John naquele momento de sua vida, ironicamente tão próximo de sua morte. Encantado com a paternidade, que canta em versos e melodia na singela “Beautiful Boy”, dedicada ao filho, Sean, e profundamente apaixonado por Yoko, que assina e canta metade de músicas do LP, Lennon sentia-se pleno, feliz.

A realidade havia se tornado doce como uma fantasia. Dupla, e compartilhada.

Na letra de “Watching the Wheels”, há versos que, desde meus 15 anos, quando ouvi o álbum pela primeira vez, ecoam dentro de mim porque, de certa forma, traduzem a pessoa que fui, sou e, pelo jeito, sempre serei. John, em resposta a quem o criticava por gostar de passar horas, em estado de contemplação, a observar trens que passavam diante de sua janela (aqui uma metáfora da própria vida), canta: “Ah, as pessoas fazem perguntas, perdidas em sua confusão, e eu lhes respondo que não há problema, só soluções”.

Para quem estabelecer paralelos entre “Watching the Wheels” e a vida de John, fica claro que ele, que por tantos anos esteve sob a luz dos holofotes, cercado de polêmica e controvérsias, havia atingido um momento de paz interior, de harmonia, e defende, em seus versos, o seu direito de assistir ao mundo acontecer, em vez de estar sempre no centro das atenções. Prefere desfrutar das delícias de estar vivo em atividades despretensiosas e cotidianas, como brincar com Sean e passear com a família no parque.

Na letra de ‘Watching the Wheels’, há versos que, desde meus 15 anos, quando ouvi o álbum pela primeira vez, ecoam dentro de mim porque, de certa forma, traduzem a pessoa que fui, sou e, pelo jeito, sempre serei. 

Citado por Clara, personagem vivida por Sonia Braga no longa-metragem Aquarius (de Kleber Mendonça Filho), Double Fantasy aparece no filme, em sua edição em vinil, como uma cápsula do tempo, trazendo no interior de sua capa, estampada pelo casal John e Yoko se beijando em preto e branco, um recorte de jornal com uma reportagem sobre Lennon à época do lançamento.

A matéria, vista por Clara como uma “mensagem na garrafa”, enviada pelo passado, para lembrá-la da importância da preservação da memória, retrata um homem feliz. Porque, também, escreveu versos sobre a importância de observar as rodas de um trêm passar diante de sua janela.

Como eu entendo John! Talvez porque sua canção me lembre de um mundo que está em constante movimento, passando por transformações, mudanças que nos conduzem a novas paisagens. Às vezes, estamos a bordo, em outras apenas a olhar pela janela. Mas sempre a viajar.

https://youtu.be/XM2Oh4pS304

Tags: BeatlesCrônicaDouble FantasyJohn LennonSean LennontrensYoko Ono

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