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A alteridade e a noção de cultura em ‘O Máskara’ sob a ótica de Octavio Paz

Yuri Al'Hanati por Yuri Al'Hanati
30 de março de 2020
em Yuri Al'Hanati
A A

Imagem: Divulgação.

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Assisti de novo, anos depois, ao filme O Máskara, de 1994, um clássico moderno que firmou a carreira de Jim Carrey como comediante das mil faces. No filme, Carrey é Stanley Ipkiss, um bancário bonzinho e inocente que é pintado na história como um perdedor. Funcionário de banco, usado por suas paqueras para conseguir favores, esquecido pelo melhor amigo e inquilino de uma proprietária insuportável, Ipkiss é apenas mais um entre a multidão de solitários que a cidade alimenta, para citar uma letra do Chorão.

Derrotado e só, seus únicos consolos para a vida dura são seu cachorro Milo e seu gosto por desenhos animados antigos. Encontra na máscara do filme a vazão para sua persona reprimida pela sociedade. A máscara, atribuída ao deus nórdico Loki, só pode ser usada à noite e, num ensaio de interpretação psicanalítica que o filme oferece ainda em seu início, suprime, num movimento simbolicamente contrário, todas as máscaras sociais, deixando exposto a faceta mais crua da personalidade de quem a usa. Dessa forma, Ipkiss se torna um maníaco romântico inveterado que gosta de festas e tem a coragem necessária para abordar Tina Carlyle, seu par romântico interpretado por Cameron Diaz.

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A todo momento em que incorpora a entidade da Máscara, Carrey faz referências incontáveis ao cinema e ao desenho animado de seu país, mas incorpora também um estereótipo estrangeiro. Pode ser um francês de boina e camisa listrada, um dançarino de rumba cubana, ou mesmo um mafioso italiano ou um irlandês de feira itinerante. Entretanto, seu figurino padrão, para além de qualquer suspeita, é um pachuco. Estereótipo mexicano limítrofe que existe somente nos Estados Unidos, com seus ternos bufantes e largos, o pachuco é a negação da própria cultura em oposição a uma recusa de assimilação à nova terra. Um isolado, espremido entre uma cultura que não o quer e outra que já não lhe pertence mais.

Paz diz que há um momento na história de todo povo em que, de forma análoga à adolescência, olha-se para dentro e procura-se perguntar quem se é e como realizar aquilo que se quer realizar.

É o que diz o filósofo mexicano Octavio Paz em seu O Labirinto da Solidão. No texto intitulado “O pachuco e outros extremos”, correlaciona a cidade de Los Angeles, onde morou, com essa figura ambígua. Para ele, Los Angeles tem uma aura vagamente mexicana em oposição ao estilo norte-americano. “Essa mexicanidade – gosto por enfeites, descuido e fausto, negligência, paixão e reserva – paira no ar. E digo que paira porque não se mistura nem se funde com o outro mundo, o mundo norte-americano, feito de precisão e eficácia. Paira mas não se opõe;(…) E se arrasta, se dobra, se expande, se contrai, dorme ou sonha, beleza esfarrapada. Flutua: não chega a ser não chega a desaparecer”, escreve. Sobre o pachuco, diz: “O pachuco perdeu toda sua herança: língua, religião, costumes, crenças. Só lhe restam um corpo e uma alma expostos à intempérie, indefesos diante de todos os olhares. Seu disfarce o protege e, ao mesmo tempo, o destaca e isola: oculta e exibe”.

Assim como o pachuco, Stanley Ipkiss também é uma figura limítrofe, apesar de constituir uma paisagem urbana banal. Derrotado pelo sistema, imerso em seu mundo particular, sua cultura – seus desenhos animados antigos – também já não existem mais, e a todos no filme, transparece como “algo híbrido, perturbador e fascinante”. A persona de Ipkiss é construída por cultura pop e inadequação, e seu alter-ego é um estereotípico pastiche cultural presente em seu país e que tanto perturba o norte-americano médio.

Para todos os efeitos, o pachuco Máskara é o outro: mosaico mal-ajambrado de representações contraditórias, origem da desordem social, imprevisível e potencialmente perigoso. De fato, tudo o que Octávio Paz escreveu sobre o pachuco pode ser atribuído ao Máskara. “Sua singularidade parece alimentar-se de poderes alternadamente nefastos ou benéficos. Alguns lhe atribuem virtudes eróticas pouco comuns; outros, uma perversão que não exclui a agressividade. Figura portadora do amor e da felicidade ou do horror e da abominação, o pachuco parece encarnar a liberdade, a desordem, o proibido. Algo, em suma, que deve ser suprimido; alguém, por outro lado, com quem só é possível ter um contato secreto, na sombra”, escreve em seu ensaio.

Paz diz que há um momento na história de todo povo em que, de forma análoga à adolescência, olha-se para dentro e procura-se perguntar quem se é e como realizar aquilo que se quer realizar. Porém, rejeita a ideia de uma mente coletiva do povo, e diz que tudo não passa de reações a estímulos. Sendo assim, o que é o norte-americano senão um auto-isolado pela própria noção de alteridade? Acossado em seu próprio terreno por toda a invasão étnica e cultural que lhe aflige, reprime e fantasia sobre assimilação (não à toa que nos populares livretos soft-eróticos publicados na década de oitenta têm como objeto de desejo um negro ou um latino, tabus para a leitora WASP).

Eis o Máskara, uma caixa de medos aberta e solta no mundo. Mas, acima de tudo, solitário. A solidão do Máskara é sua individuação e sua indestrutibilidade, mas é também o movimento de aproximação em direção ao outro que ninguém parece querer fazer. Stanley Ipkiss, o Máskara e o pachuco são diferentes e carregam em comum o inexorável destino de serem irremediavelmente sozinhos.

Tags: alteridadechorãocrônicaculturaEstados UnidosmáskaraMéxicooctavio pazoutropachuco
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