• Quem somos
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
27 de junho de 2022
  • Login
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
Escotilha
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Crônicas
    • Helena Perdiz
    • Henrique Fendrich
    • Paulo Camargo
    • Yuri Al’Hanati
  • Colunas
    • À Margem
    • Vale um Like
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Crônicas
    • Helena Perdiz
    • Henrique Fendrich
    • Paulo Camargo
    • Yuri Al’Hanati
  • Colunas
    • À Margem
    • Vale um Like
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
Home Crônicas Yuri Al'Hanati

Andando com o fogo

Yuri Al'Hanati por Yuri Al'Hanati
11 de novembro de 2019
em Yuri Al'Hanati
A A

Imagem: Reprodução.

Compartilhe no TwitterEnvie pelo WhatsAppCompartilhe no Facebook

Digam o que quiserem do Rammstein, mas nenhum outro artista performático entendeu tão bem o fogo quanto a banda alemã. Escrevo essas linhas emocionado enquanto assisto a takes do concerto ao vivo em Paris que se tornou videoclipe pelas mãos do regular Jonas Åkerlund. Parece que ele também entendeu o fogo como entendem os alemães.

A água muda sua forma conforme o recipiente, o ar pode pouco mais do que se movimentar e a terra, frequentemente, nem isso. Já o fogo não existe sem movimento. A dança de sua fome é fugidia, mas não deixa reticências.

Existem três formas básicas de entender o fogo: como força destruidora – a compreensão mais rudimentar –, como força transformadora e, no que julgo ser o olhar mais sensível sobre essa força da natureza, como presença fátua, a união do material com o imaterial. O fogo é, afinal, um elemento que parece sempre desejar sair de nosso mundo sensível. Esconde-se nas brechas de dimensões euclidianas enquanto se faz irremediavelmente presente na experiência. Está e não está.

Anúncio. Deslize para continuar lendo.

Casulo da matéria, o fogo revela a verdade sobre tudo. Uma pedra de toque aérea, um processador universal, de eterna inconstância e violenta realidade. Heráclito, o obscuro, dizia que o fogo purifica o espírito. Tudo viria do fogo, acreditava. Obviamente que sua filosofia de constante mudança necessariamente precisaria compreender o fogo como elemento fundador da experiência, já que nada é mais transformativo.

A água muda sua forma conforme o recipiente, o ar pode pouco mais do que se movimentar e a terra, frequentemente, nem isso. Já o fogo não existe sem movimento. A dança de sua fome é fugidia, mas não deixa reticências. É como nos shows do Rammstein. O fogo é a oração com ponto final. Tem começo, meio e fim, mas não tente fazer como os taxidermistas para entendê-lo. Aceitar o fogo é ser igualmente dinâmico, é terminar no eterno fluir.

Aos incautos, encanta pelo mistério. “O fogo anda comigo”, escreveu Lynch em Twin Peaks, como mantra e charada, ciente de que não saberia o que mais fazer a respeito de tal força. Aos poetas, encanta pela violência. O fogo da paixão, tantas vezes cantado, é o sequestro da força indomável ao sabor protagórico-narcísico. A paixão pode parecer fogo, mas na verdade é a razão abandonando o ser em busca de uma animalidade esquecida – essa sim, mais próxima do fogo primeiro, o destruidor.

Aos iniciados, porém, encanta pelo que é e pelo que não se pode explicar a quem não o compreende. “Come on baby, light my fire”, escreveu Jim Morrison, usando o fogo como metáfora para o sexo, seguindo os passos de Hendrix e Camões. The Offspring escreveu “Burn it up”, a história de um trombadinha pretensamente piromaníaco que sai por aí queimando tudo. É bom lembrar que foram os poetas os responsáveis por colocar chifres de touro nos capacetes vikings.

Importam as imagens, não importa a exegese natural. Camões e The Offspring não estão discutindo o fogo, estão se apropriando do elemento para falar de amor violento e amor à violência, respectivamente. Diante de tamanha grandeza, que importa meu inaudível grito de amor ao fogo? De pouca coisa, é certo. Encontro poucos amigos nessa caminhada. Gostaria de um dia conhecer Till Lindemann e dizer a ele que entendo. Talvez ele também ande pelo mundo procurando quem entenda. O fogo anda comigo, mas não como enigma. Na verdade, sou eu que ando com o fogo.

Tags: fogoheráclitoLynchoffpsirngrammstein
Post Anterior

‘Jornal Nacional’ aborda soltura de Lula como qualquer coisa

Próximo Post

‘Quem você pensa que sou’ parte de catfishing para ampliar enfoques

Posts Relacionados

James Gandolfini em Família Soprano

O mistério da morte

5 de abril de 2021
Wood Naipaul

Aprender a ser Biswas

29 de março de 2021

Das crônicas que não escrevi

22 de março de 2021

De volta ao lockdown

15 de março de 2021

Assassinato planejado

8 de março de 2021

O tribunal da crise

1 de março de 2021
  • O primeiro episódio de WandaVision nos leva a uma sitcom da década de 1950.

    4 coisas que você precisa saber para entender ‘WandaVision’

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘Tudo é rio’, de Carla Madeira, é uma obra sobre o imperdoável

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • De quem é a casa do ‘É de Casa’?

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘A Vida Secreta de Zoe’ fica entre o apelo erótico e a prestação de serviço

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ’90 dias para casar’ é puro deleite e deboche cultural

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
Instagram Twitter Facebook YouTube
Escotilha

  • Quem somos
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Colunas
    • Cultura Crítica
    • Vale um Like
  • Crônicas
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção

© 2015-2021 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Cinema & TV
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Colunas
  • Artes Visuais
  • Crônicas
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2021 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Welcome Back!

Login to your account below

Forgotten Password?

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In