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Home Crônicas Yuri Al'Hanati

Hora da massagem

porYuri Al'Hanati
23 de maio de 2016
em Yuri Al'Hanati
A A
"Hora da massagem", crônica de Yuri Al'Hanati.

Imagem: Reprodução.

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A massagem acontece uma vez por semana, por oito minutos. É que não dava pra ser dez minutos inteiros, os dois restantes são para chamar o próximo e fazer a troca dessa maneira. Faz parte do programa de qualidade de vida da empresa, e por essa razão as autoridades locais respeitam esse tempo.

Durante oito minutos, portanto, está à minha disposição uma cadeira de quick-massage, um massagista, uma minúscula caixinha de som que toca world music e um bule com chá de capim-limão. Tudo isso fica lá nos fundos, na sala dos arquivos. Afasta um pouco aqui, um pouco ali e consegue-se encaixar tudo em meio a milhares de pastas confinadas em gavetas metálicas gigantes alinhadas junto às paredes e também no meio da sala.

A porta fica fechada, para caber a cadeira. Isso impossibilita qualquer pessoa de acessar os arquivos durante o período da massagem. Não que isso impeça alguém de forçar a porta dando um encontrão na cadeira ou na perna de alguém, ou até no massagista, dependendo de onde ele estiver, para acessar alguma pasta de algum cliente que tem uma pendência urgente em seu cadastro. A pessoa entra, pede desculpas, abre uma gaveta e logo depois a fecha, em um ruído que parece um pouco um minúsculo trovão. Acha a pasta e sai pedindo desculpas mais uma vez.

Se você sentir que vai perder o seu horário, precisa correr para encontrar quem possa trocar com você. Caso contrário, corre-se o sério risco de ficar sem a massagem da semana.

Os horários são demarcados e pregados na porta da sala dos arquivos. Se você sentir que vai perder o seu horário — digamos, por causa de uma questão tão urgente quanto o cadastro do cliente que precisou ter sua pasta retirada da sala de arquivos no meio da massagem de outra pessoa—, precisa correr para encontrar quem possa trocar com você. Caso contrário, corre-se o sério risco de ficar sem a massagem da semana.

Mas não é a massagem que conta. É o tempo. Um tempo para não trabalhar dentro do horário de trabalho, quase uma obscenidade sexual quando o tempo para tomar uma água e um cafezinho, se não é controlado, é pelo menos muito vigiado e tomado nota mentalmente. Todos agem como se aquela urinada no meio do expediente pudesse ser usada contra elas em algum futuro, então é bom parar, diante dos olhos de quantas testemunhas sejam possíveis, por esses oito minutos e fazer a massagem. Não são oito minutos de tempo livre, nem são oito minutos cambiáveis. A empresa ainda coordena suas ações. Ela diz quando trabalhar, em que trabalhar, mas também tem a benevolência de dizer quando descansar. E por isso eu agradeço, dizendo “obrigado, empresa”. E por isso eu espero tão ansioso pela hora da massagem.

Tags: arquivoCrônicaempresamassagemrelaxamentotrabalho

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