• Quem somos
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
27 de junho de 2022
  • Login
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
Escotilha
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Crônicas
    • Helena Perdiz
    • Henrique Fendrich
    • Paulo Camargo
    • Yuri Al’Hanati
  • Colunas
    • À Margem
    • Vale um Like
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Crônicas
    • Helena Perdiz
    • Henrique Fendrich
    • Paulo Camargo
    • Yuri Al’Hanati
  • Colunas
    • À Margem
    • Vale um Like
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
Home Crônicas Yuri Al'Hanati

A neve que não veio

Yuri Al'Hanati por Yuri Al'Hanati
24 de agosto de 2020
em Yuri Al'Hanati
A A
neve em Curitiba

Imagem: Reprodução.

Compartilhe no TwitterEnvie pelo WhatsAppCompartilhe no Facebook

Deu em todos os jornais que nevaria no último fim de semana. Algo a ver com uma massa antártica se deslocando pelo continente, desconsiderando nossa semaninha de chuvas constantes que, suspeito, não tenha sido o suficiente para reabastecer os esvaziados reservatórios de água da cidade. A chuva continuava a cair enquanto o ar tratou de ficar subitamente gelado, o que atiçou a expectativa das pessoas. Quase que Curitiba inteira não teve outro assunto por dias inteiros a fio.

Devo contar, aos estranhos à cidade, que Curitiba é uma capital que tem um orgulho ufanístico de seu frio. Seus moradores se definem por ele, se sentem compartilhando algum tipo de martírio coletivo por morar numa cidade gelada em um país tropical, ao mesmo tempo em que são tomados por ciúmes enormes quando ouvem alguém falando de um frio que não seja o frio de Curitiba. Que não se permita um curitibano ouvir da boca de alguém de fora da cidade sobre algum frio de Minas Gerais ou São Paulo. Reivindicam imediatamente o lugar de fala, a vivência do verdadeiro frio impressa nas gargantas arranhadas e nos narizes vermelhos de seus habitantes.

Anúncio. Deslize para continuar lendo.

Devo contar, aos estranhos à cidade, que Curitiba é uma capital que tem um orgulho ufanístico de seu frio. Seus moradores se definem por ele, se sentem compartilhando algum tipo de martírio coletivo por morar numa cidade gelada em um país tropical, ao mesmo tempo em que são tomados por ciúmes enormes quando ouvem alguém falando de um frio que não seja o frio de Curitiba.

Dentro da celebração afetivo-martírica do frio, a neve é um assunto à parte. Só existiram duas que se tem lembrança na cidade: a primeira, de 1975, estampa alguns cartões postais até os dias de hoje, como se fôssemos habitantes dos Alpes suíços e suas neves eternas. A segunda, de 2013, foi um fenômeno fugidio e localizado, uma experiência compartilhada apenas por uma fração da população. Não houve neve na região central, mas ainda é possível encontrar fotos de carros cobertos com uma fina camada de gelo e o registro de algumas pessoas empolgadas com a situação. A do último fim de semana seria a terceira, quem sabe algo mais gravável na memória do que a última. A rede local de televisão fez uma cobertura extensa do possível evento, as redes sociais se inundaram com comentários, tiradas e opiniões sobre o frio enfim, não se falava de outra coisa.

E no fim das contas não nevou. A frustração varreu a cidade como uma onda cósmica. A neve é a recompensa exótica do martírio. A redenção que não vem. Trememos com nossas meias insuficientes e nossas ceroulas por baixo das calças em meio à chuva que cai fina, mas líquida. Bufamos uma fumaça de ar quente, plasmado no tempo seco de nosso inverno insuficiente. Sentimo-nos bobos com nosso frio sem neve, enquanto Santa Catarina faz a festa. Registros de neve até em Florianópolis! Poucos puderam dormir com essa notícia. Fica cada vez mais claro para nós que somos uma cidade apegada ao passado. À neve de 1975, ao modelo de transporte urbano que algum dia foi elogiado por alguém importante, à urbanística que foi considerada exemplo em décadas passadas, aos apodos de cidade sorriso e cidade ecológica, cujo lastro ninguém consegue achar. A neve que não veio nos tira o orgulho do frio. Abandonamos a posição de mártires para sermos apenas bobocas batendo os queixos. Quem sabe ano que vem?

Tags: crônicaCuritibafrioMartírionevenostalgia
Post Anterior

‘Little Fires Everywhere’ escancara as dicotomias da maternidade

Próximo Post

‘Sinta-se em casa’ explora o melhor de Marcelo Adnet

Posts Relacionados

James Gandolfini em Família Soprano

O mistério da morte

5 de abril de 2021
Wood Naipaul

Aprender a ser Biswas

29 de março de 2021

Das crônicas que não escrevi

22 de março de 2021

De volta ao lockdown

15 de março de 2021

Assassinato planejado

8 de março de 2021

O tribunal da crise

1 de março de 2021
  • O primeiro episódio de WandaVision nos leva a uma sitcom da década de 1950.

    4 coisas que você precisa saber para entender ‘WandaVision’

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘Tudo é rio’, de Carla Madeira, é uma obra sobre o imperdoável

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘A Vida Secreta de Zoe’ fica entre o apelo erótico e a prestação de serviço

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • De quem é a casa do ‘É de Casa’?

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ’90 dias para casar’ é puro deleite e deboche cultural

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
Instagram Twitter Facebook YouTube
Escotilha

  • Quem somos
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Colunas
    • Cultura Crítica
    • Vale um Like
  • Crônicas
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção

© 2015-2021 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Cinema & TV
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Colunas
  • Artes Visuais
  • Crônicas
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2021 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Welcome Back!

Login to your account below

Forgotten Password?

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In