• Quem somos
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
21 de maio de 2022
  • Login
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
Escotilha
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Crônicas
    • Helena Perdiz
    • Henrique Fendrich
    • Paulo Camargo
    • Yuri Al’Hanati
  • Colunas
    • À Margem
    • Vale um Like
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Crônicas
    • Helena Perdiz
    • Henrique Fendrich
    • Paulo Camargo
    • Yuri Al’Hanati
  • Colunas
    • À Margem
    • Vale um Like
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados

Os dias estão simplesmente lotados

Yuri Al'Hanati por Yuri Al'Hanati
30 de novembro de 2020
em Yuri Al'Hanati
A A
"Os dias estão simplesmente lotados", crônica de Yuri Al'Hanati.

Imagem: Reprodução.

Compartilhe no TwitterEnvie pelo WhatsAppCompartilhe no Facebook

Um dos melhores livros que Bill Waterson, o criador de Calvin e Haroldo (Hobbes, no original, vai entender essas traduções), já escreveu se chama Os Dias Estão Simplesmente Lotados. Na coletânea de tirinhas, o menino imaginativo tira férias e faz sua programação para os dias de folga: um intensivo de ócio e preguiça, que ele acaba usando para imaginar mundos e alter egos.

Waterson, com esse título (The days are just packed) contrapõe a diminuta lista de obrigações de uma criança com o nosso conceito adulto de agendas e horários. Desde que Byung-Chul Han expôs a ideia em público, já sabemos que não é mais possível lotar nossos dias com o ócio puro sem que a culpa liberal nos acometa. Construir-se e explorar-se são vícios pós-modernos para os quais não existe clínica de reabilitação eficaz, embora retiros e imersões continuem sendo um negócio rentável. Mesmo as férias são usadas para resolver problemas e pendências de outras ordens, e para as quais não temos tempo de segunda a sexta.

Anúncio. Deslize para continuar lendo.

Escrevo isso nesse momento enquanto observo minha agenda de compromissos atropelar minha própria capacidade de gerenciar a vida. Aceito mais trabalho do que devo com o olhar fixo no horizonte incerto, na falta de um amanhã seguro que permita o descanso hoje. Escrever crônicas, gravar e editar resenhas, ler livros, mediar uma mesa, organizar um evento, assistir a aulas, treinar canto, ser mesário nas eleições, tudo isso me sugou as últimas semanas – até modelo publicitário de mão eu fui! Em nome do quê? Do dinheiro que já tenho, da ganância que me assombra na meia-idade, da Harley-Davidson que não vai se pagar sozinha, do amanhã turvo e na necessidade de construir algo para fora do meu trabalho comercial, já que, assim como outros, também eu fui fisgado um dia pela isca perniciosa da satisfação profissional. Queria ser como um desses jornalistas em perfeita condição de administrar a própria vida, como Millôr uma vez disse de Sérgio Porto. Estavam os dois às duas da manhã no bar, às seis na praia e às oito na redação. Se bem que Sérgio Porto morreu do coração aos quarenta e cinco anos.

Aceito mais trabalho do que devo com o olhar fixo no horizonte incerto, na falta de um amanhã seguro que permita o descanso hoje. Escrever crônicas, gravar e editar resenhas, ler livros, mediar uma mesa, organizar um evento, assistir a aulas, treinar canto, ser mesário nas eleições, tudo isso me sugou as últimas semanas – até modelo publicitário de mão eu fui! Em nome do quê?

O enriquecimento, sabemos, é um mito, e ainda sou parte integrante da nanoburguesia que se emociona com oferecimento de traslados e cafés da manhã de hotel com salsichinha, ovo mexido e triângulos de queijo minas dispostos em fileiras numa travessa de porcelana branca equilibrada em um monte de gelo. Mas ainda levanto o knut sobre minhas próprias costas movido sabe-se lá por quais engrenagens da psicopolítica. Trabalho porque não se pode lotar os dias como Calvin. No máximo, uma meia horinha de descanso bem descansado, mas não mais do que isso.

Agora preciso ir.

Tags: Byung-chul HanCalvincrônicagerenciamento da vidaHaroldoliberalismoMillôr FernadesócioSérgio Portotrabalho
Post Anterior

‘Solução de dois Estados’: um enigma chamado Brasil

Próximo Post

‘Falas Negras’ é de um incômodo necessário

Posts Relacionados

James Gandolfini em Família Soprano

O mistério da morte

5 de abril de 2021
Wood Naipaul

Aprender a ser Biswas

29 de março de 2021

Das crônicas que não escrevi

22 de março de 2021

De volta ao lockdown

15 de março de 2021

Assassinato planejado

8 de março de 2021

O tribunal da crise

1 de março de 2021

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

  • O primeiro episódio de WandaVision nos leva a uma sitcom da década de 1950.

    4 coisas que você precisa saber para entender ‘WandaVision’

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • 25 anos de ‘Xica da Silva’, uma novela inacreditável

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘Tudo é rio’, de Carla Madeira, é uma obra sobre o imperdoável

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘O Nome da Morte’ usa violência crua em história real de matador de aluguel

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • Em ‘Davi e Golias’, Malcolm Gladwell desafia o leitor com seu “jornalismo de autoajuda”

    19 shares
    Share 19 Tweet 0
Instagram Twitter Facebook YouTube
Escotilha

  • Quem somos
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Colunas
    • Cultura Crítica
    • Vale um Like
  • Crônicas
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção

© 2015-2021 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Cinema & TV
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Colunas
  • Artes Visuais
  • Crônicas
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2021 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Welcome Back!

Login to your account below

Forgotten Password?

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In