Stranger Things, série lançada pela Netflix semanas atrás, é uma verdadeira colcha de retalhos de referências à cultura pop (leia aqui nossa análise) – e aí incluem-se diversas ligações à literatura de horror e mistério. Como David Lynch fez com Twin Peaks nos anos 90, os irmãos Duffer conseguiram criar um quebra-cabeça cultural, perfeito para quem gosta de descobrir significados e referências ocultas.
De certa maneira, a maior influência literária em Stranger Things é o escritor norte-americano Stephen King. As menções mais significativas são a Carrie, A Estranha, It, Cujo e A Incendiária. Misturando absurdos do cotidiano às questões de paranormalidade, a série recria a atmosfera tão característica de King.
Como em It, um grupo de meninos – acompanhados por uma menina – investigam situações macabras. Os poderes super-humanos de Onze possuem clara ligação aos de Carrie e, obviamente, à personagem de A Incendiária. Outro ponto semelhante: a construção narrativa. Pessoas com vidas comuns, à beira do tédio, que se envolvem em algo terrivelmente estranho.
Mistério macabro
Bem menos representativos no Brasil que Stephen King, Robert McCammon, Richard Cox e Dean Koontz também compõem o interessante painel dos irmãos Duffer. Boy’s Life, de McCammon, é assim como Stranger Things, a história de adolescentes que se envolvem um crime misterioso e acabam imersos em um universo macabro e sobrenatural.
Outro ponto semelhante entre King e Stranger Things: a construção narrativa. Pessoas com vidas comuns, à beira do tédio, que se envolvem em algo terrivelmente estranho.
Nada muito diferente do que Cox fez com seu The Boys of Summer ou Koontz, que por aqui tem alguns livros publicados pela Record, com Watchers – romance que inspirou a franquia de filmes de mesmo nome. Existe também um quê de mistério clássico, algo inspirado em Agatha Christie ou Arthur Conan Doyle – autores básicos quando se fala em mistério, mas que não parecem muito notados na série.
Quadrinhos
Por coincidência ou não, a HQ Paper Girls, desenvolvida por Brian K. Vaughan e Cliff Chiang, tem um plot muito similar ao seriado. A história, centrada em um grupo de garotas que precisam desvendar alguns mistérios em uma pequena cidade, tem também um ar de anos 80 e, assim como Stranger Things, combina horror e fenômenos sobrenaturais.
Segundo os fãs mais ardorosos, a edição 134 dos quadrinhos da saga The Dark Phoenix do X-Men também teria servido de inspiração para os criadores da série – que já ultrapassou Game of Thrones em popularidade no IMDB.
Tubarão
Clássico do cinema da década de 1970, o filme Tubarão, de Steven Spielberg, também está estampado em Stranger Things. Os mais ardorosos podem ler o livro homônimo que inspirou o longa. Mesmo não estando diretamente ligado à série, é uma leitura que complementa o universo criado por Matt e Ross Duffer.