O dia está chegando: no feriado da Independência, dia 7, estendendo-se até o domingo, dia 10, Curitiba vai se tornar a capital nacional dos quadrinhos. Vai acontecer por aqui a 7ª edição da Bienal de Quadrinhos de Curitiba, que retorna à forma presencial e deve trazer vários artistas importantes dessa linguagem artística para a cidade.
A Bienal, que tem com o tema “Resistências, Existências: Quadrinhos e Corpos Plurais”, vai acontecer no Museu Municipal de Arte (MuMA), dentro do espaço do Portão Cultural, no bairro Portão. Serão diversas atividades – todas gratuitas – para os presentes. Entre elas, estão palestras, oficinas, debates, exposições, visitas guiadas, rodadas de negócio, sessões de autógrafos e a feira de HQs, já tradicional dentro do evento.
O evento contará com mais de 40 artistas presentes, contando com nomes conhecidos nacional e internacionalmente. Dentre eles, estão Walkir Fernandes, fundador do Dogzilla Studio e codiretor de arte na série O Menino Maluquinho; o jornalista sueco Fredrik Strömberg, presidente da Associação Sueca de Quadrinhos; a quadrinista argentina Maria Luque, autora de A Mão do Pintor; a francesa Coco Corine Ray, colaboradora da revista Charlie Hebdo; Carol Ito, vencedora do prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos de 2022 na categoria Literatura e Artes Plásticas; Marcelo D’Salete, autor de Angola Janga, HQ vencedora do Prêmio Jabuti; Gabriela Borges, fundadora do Mina de HQ, mídia independente e feminista sobre histórias em quadrinhos, entre vários outros.
A homenageada
A 7ª edição da Bienal terá como homenageada será a letrista Lilian Mitsunaga, que trabalha como tipografia ligada aos quadrinhos desde 1980. Formada em Arquitetura, ela começou sua carreira dentro da editora Abril, e foi responsável pelo letreiramento dos quadrinhos da Disney e de super-heróis que eram publicados pela editora.
“A retomada dos encontros é essencial para manter a esperança cada vez mais viva”
Curadoras da Bienal de Quadrinhos de Curitiba
Além disso, é a criadora das fontes para as edições brasileiras de obras de Will Eisner, Bill Watterson, Craig Thompson e vários outros. Lilian já foi reconhecida com diversos prêmios do ramo, como o Troféu HQ Mix de melhor letrista em 1999, e uma homenagem especial em 215, além do Prêmio Angelo Agostini de Mestre do Quadrinho Nacional em 2022.
A marca da presença das mulheres vai além da homenageada, e aparece na curadoria da Bienal de Quadrinhos, feita por três profissionais: Mitie Taketani, proprietária da Itiban Comic Shop, loja especializada em quadrinhos de Curitiba; Maria Clara Carneiro, pesquisadora, tradutora de quadrinhos e professora do departamento de Letras Estrangeiras Modernas da UFSM; e Dandara Palankof, tradutora, editora no estúdio de produção editorial de super-heróis da Mythos Editora e coeditora da Revista Plaf, especializada em quadrinhos.
“A retomada dos encontros é essencial para manter a esperança cada vez mais viva. É num espaço de trocas como a Bienal que nascem novas reflexões e perspectivas, não só sobre aquilo a que se dedica o evento e a expressões que nos são tão caras, mas que também transbordam para nossas vivências como um todo, que nos fortalecem para todas essas outras batalhas que precisamos travar”, explicam as curadoras.
Conheça alguns dos artistas
Serão mais de 40 convidadas, convidados e convidades presentes na Bienal, que irão participar de atividades diversas. Confira alguns dos destaques deste grupo.
André Toral
Paulistano com formação em antropologia e história, começou a publicar em revistas como Animal e Chiclete com Banana. É autor de Holandeses, Alma que Caiu do Corpo e O Filho do Norte, lançados pela Veneta.
Benett
Formado em Jornalismo, Benett é chargista da Folha de S. Paulo e sócio-fundador do jornal Plural, de Curitiba. É autor dos livros Amok – Cabeça, Tronco e Membros, Anedonia e Happy, que em breve sai pela editora Arte e Letra.
Cecilia Marins
Cecilia Marins é quadrinista e jornalista. É autora da reportagem em HQ Parque das Luzes, que conta histórias de mulheres em situação de prostituição no parque mais antigo de São Paulo. Foi a chargista mais jovem do programa Roda Viva e uma das ilustradoras do AmarElo, documentário do Emicida para a Netflix, indicado a um Emmy Internacional.
Gabriela Güllich
Jornalista e quadrinista, vencedora do Prêmio HQMix com o livro-reportagem São Francisco. Atua com jornalismo em quadrinhos e ilustração editorial, cobrindo meio ambiente e direitos humanos. Colunista da Mina de HQ.
Hello D’Ângelo
Helô D’Ângelo é ilustradora e quadrinista, vencedora do Troféu HQ Mix em 2022 na categoria web tiras. Ela é autora dos livros em quadrinhos Dora e a gata, Pequeno manual de defesa pessoal, Nos olhos de quem vê e Isolamento, finalista do HQ Mix e do CCXP Awards em 2021.
Luiza de Souza (Ilustralu)
Nasceu em Currais Novos (RN), produz conteúdo na internet dentro do perfil Ilustralu. Atualmente, trabalha como ilustradora, faz quadrinhos e participa de outros projetos. Sua HQ Arlindo foi vencedora de Melhor Quadrinho na CCXP Awards 2022 e finalista do Prêmio Jabuti 2022. Em 2022, a artista venceu 4 categorias do Prêmio HQ Mix Brasil.
Vitorelo
Vitorelo é artista e designer de São Paulo. Escreveu Kit Gay(Editora Veneta, 2021), uma sátira ilustrada que traz com leveza e irreverência temas do universo LGBTQIA+ (menção honrosa Mix Literário, indicação CCXP Awards e HQ Mix). Mestre em Semiótica pela PUC-SP, atualmente trabalha em seu novo livro A Semiótica do Mamilo, sobre as violências institucionais às quais um corpo trans não-binário está submetido e sua busca por uma mastectomia.
Marcelo D’Salete
É autor de histórias em quadrinhos, ilustrador e professor. Publicou os livros Noite Luz, Encruzilhada, Cumbe, Angola Janga e Mukanda Tiodora. Suas narrativas abordam a realidade brasileira no presente e no passado, com atenção à presença negra e periférica. As obras já ganharam o prêmio Jabuti, Grampo, HQMIX, Eisner e o Rudolph Dirks Awards.
Marília Marz
É ilustradora e quadrinista. Entre seus principais trabalhos estão a HQ curta Pra Onde Vamos, Pai?, para o programa IMS Convida do Instituto Moreira Salles; e a HQ autoral Indivisível, que lhe rendeu uma indicação ao troféu HQ MIX 2020 na categoria Novo Talento – Roteirista e foi aprovado no PNLD (Plano Nacional do Livro Didático) Literário 2021. É também chargista do jornal Folha de São Paulo aos sábados.
Mongehan
Nome artístico de Eric Han, ilustrador asiático-brasileiro descendente de coreanos. Busca o desenvolvimento de uma linguagem própria na arte e no desenho, para que o trabalho seja sempre seu reflexo e um veículo para entender-se melhor como artista e pessoa racializada. Seus trabalhos permeiam narrativas autobiográficas, histórias ficcionais influenciadas por quadrinhos leste-asiáticos e tirinhas existenciais e humorísticas. É autor dos quadrinhos Criança Amarela, Hamoni, Criança Amarela Colorida e Mondolís.
Raphaela Corsi (Karmaleão)
É ilustradora e quadrinista curitibana. Trabalha com a diversidade das culturas brasileiras, religiões de matriz africana e direitos humanos. Formada em Artes Visuais com pós-graduação em História Cultural e Antropologia. É professora na Gibiteca de Curitiba. Já publicou dois livros impressos em quadrinhos e divulga outros trabalhos online no seu perfil do Instagram.
Sirlene Barbosa
Sirlene Barbosa é professora da rede municipal da cidade de São Paulo, doutoranda em Educação na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e mestra em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela PUC-SP. É autora da HQ Carolina, obra que narra parte da vida da escritora Carolina Maria de Jesus. O livro foi indicado ao Jabuti 2017 e venceu o prêmio ecumênico do considerado maior prêmio de HQs da Europa, o francês Angoulême.
TAI Silva
Artista visual e professora nativa de Mairi (Belém-PA), TAI Silva se inspira principalmente nas mulheres amazônidas e em sua cultura ancestral. Produziu trabalhos para empresas como Nivea, Grendha e Salon Line, e participou de publicações como Death Hunt e Causos de Visagens para Crianças Maluvidas.
Triscila Oliveira
Ciberativista antirracista, escritora e roteirista, Triscila Oliveira é coautora das séries em tirinhas Os Santos e da premiada Confinada.
Walkir Fernandes
Fundador da Dogzilla Studio, onde produz e dirige animações para séries, longas e curtas. Já recebeu diversos prêmios, como o de Melhor Curta-metragem no 47º Festival de Cinema de Gramado, Melhor Curta-metragem pela crítica no 27º Animamundi, Prêmio Canal Brasil no 23º Cine-PE, Melhor Filme no 33º Eko Film Festival e três indicações no GP do Cinema Brasileiro. É codiretor de arte na série O Menino Maluquinho. Seu mais recente trabalho nos quadrinhos é a graphic novel O Filho Mau, finalista em duas categorias no 33º HQMix.
SERVIÇO | 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba
Onde: MuMa – Museu Municipal de Arte (Avenida República Argentina, 3430 – Portão | Curitiba/PR);
Quando: 7 a 10 de setembro;
Quanto: Entrada franca;
Indicação: livre.
Para saber mais sobre a programação, não deixe de acessar o site oficial da Bienal.
ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA
Que tal apoiar a Escotilha? Assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 15,00 mensais. Se preferir, pode enviar uma contribuição avulsa por PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.