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Home Literatura

‘Um Amor Incômodo’: o segredo da esfinge

porJonatan Silva
6 de outubro de 2017
em Literatura
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Elena Ferrante - Um Amor Incômodo
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Em O Estrangeiro, de Camus, a morte da mãe de Meursault para mostrar ao mundo a liquidez das relações mais íntimas. No texto, a frieza do protagonista ao comparecer ao velório é o ponto-chave para entender que a morte daquela mulher anônima é uma ruptura com os tênues laços familiares. A misteriosa Elena Ferrante usa a mesma premissa – a morte da mãe – em Um Amor Incômodo para criar uma narrativa sobre essência e gênese. Quando Delia descobre que Amalia, a mãe, foi encontrada morta em circunstâncias pouco comuns, vestindo somente sutiãs muito caros, precisa tentar encontrar quem fez ou o que poderia tê-la levado ao um.

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Como é comum na obra da escritora italiana, [highlight color=”yellow”]o livro é um retrato intenso das relações inconstantes e instáveis entre mulheres de personalidade forte[/highlight] e que querem, a qualquer custo, se colarem em evidência. O corpo boiado de Amalia é a dinamite que detona a tranquilidade em que Delia vivia. Ao voltar para sua cidade, ela reencontra a irmãs, que estão mais interessadas em acabar com as formalidades fúnebres e regressar para suas casas. O verniz familiar não pode – e não deve – ser quebrado ou arranhado. E as três conseguem fazer isso muito bem, o que deixaria a Hannah de Woody Allen completamente envergonhada.

Um amor incômodo é marcado pelas estranhezas que tomam conta do dia a dia de Delia. Como na Tetralogia Napolitana, ou em A Filha Perdida, Ferrante cria um jogo de opostos. Ora é Amalia que se coloca à frente da filha como uma criatura autoritária e superior, ora é Delia que subjuga a mãe. Ao longo do livro, sujeitos escusos contribuem para esse ambiente tão insólito: o tio Filippo, que julga a irmã morta; Caserta, amigo da família e amante de Amalia; ou o pai de Delia, um homem à sombra da esposa.

Se Camus faz de seu clássico uma ode ao distanciamento, Elena Ferrante consegue o efeito contrário: a morte é o que une e alimenta Delia a refazer sua relação com a mãe.

Se Camus faz de seu clássico uma ode ao distanciamento, Elena Ferrante consegue o efeito contrário: [highlight color=”yellow”]a morte é o que une e alimenta Delia a refazer sua relação com a mãe – ainda que postumamente.[/highlight] É preciso coragem, e certo instinto selvagem, para reatar ao invisível e ao inominável. Delia, ao encontrar Antonio, também se liga ao seu passado mais íntimo. É com frieza que ela vai para cama com o amigo de infância – como se houvesse um acordo tácito entre ambos e fosse imprescindível cumpri-lo a cada (re)encontro.

É impossível ficar indiferente em Um Amor Incômodo, justamente porque é um livro sobre relações e quebras de amarras. Delia gostaria de, como Meursault, se sentir livre, mas não consegue. Isso só pode acontecer depois que o “mistério” for relevado – e se for. Como em um filme de David Lynch, o mais importante não são as respostas, e sim as perguntas que fazemos quando estamos lendo. Um Amor Incômodo é um livro sobre a esfinge, não sobre o segredo.

[box type=”info” align=”” class=”” width=””]UM AMOR INCÔMODO | Elena Ferrante

Editora: Intrínseca;
Tradução: Marcello Lino;
Quanto: R$ 22,90 (176 págs.);
Lançamento: Março, 2017.

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Tags: Albert CamusCríticaCrítica LiteráriaDavid LynchEditora IntrínsecaElena FerranteLiteraturaliteratura italianasextaUm Amor IncômodoWoody Allen

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