A poeta Daniele Rosa lança, no Memorial de Curitiba, sua nova obra, chamada café da manhã com arranha-céus. O lançamento será no sábado (21) a partir das 17 horas, e contará com sessão de autógrafos e distribuição gratuita do livro. Além disso, a autora participa de bate-papo com mediação da crítica literária e tradutora Emanuela Siqueira.
A obra reúne 28 poemas produzidos em diferentes fases da criação literária de Daniele, que tem como influência principal a poesia marginal e feminista. café da manhã com arranha-céus traz um tom intimista para falar de temas do cotidiano e objetos do dia a dia, produzindo uma poesia do ordinário.
A proposta da obra é trabalhar na ruptura, quebrando os lugares-comuns do fazer literário e explorando a poesia para além da palavra escrita. Com esse intuito, somam-se no livro o texto da Daniele Rosa, as fotografias de Luana Navarro e a concepção gráfica do designer Victor Uchôa.
A poesia do cotidiano de uma trabalhadora da palavra
Daniele Rosa nasceu em São Bento do Sul (SC), mas é radicada em Curitiba desde 2006, onde atua também como mediadora de leitura, além de escritora. Ela ainda faz parte da Membrana, grupa crítica-afetiva de pessoas que escrevem. Em 2021, lançou o livro Perpétuo pela Urutau.
Em entrevista à Escotilha, Daniele fala sobre a proposta de fazer um livro que transita entre várias linguagens e sobre a identidade da atual geração de escritores de (e sobre) Curitiba.
ESCOTILHA » Em café da manhã com arranha-céus, você propõe um mergulho na poesia em diálogo com outras linguagens, como a experiência visual da fotografia e a concepção gráfica do projeto. Qual é a importância de experimentar a poesia para além do texto?
“Acho que a poesia precisa ser desmistificada enquanto linguagem, enquanto objeto artístico indecifrável.”
Daniele Rosa.
DANIELE ROSA » Acho que a poesia precisa ser desmistificada enquanto linguagem, enquanto objeto artístico indecifrável. Eu gosto de pensar na palavra conectada com sua carga imagética, sonora, corpórea, palpável. Nós usamos palavras para nos comunicar e tudo isso está presente, muito longe de ser apenas uma atividade mental.
Com a literatura é assim também. É a língua que fala, são as mãos que escrevem, o corpo está ali. Então por que a poesia tem que estar longe do que somos? Sua grande potência é justamente a possibilidade de torção de um sistema de comunicação; uma outra forma de ver e falar sobre o mundo. E eu acho que na tentativa de aprender historicamente sobre poesia, acabamos nos desconectando de sentir a poesia, ou seja, de perceber a poesia por meio dos sentidos.
Então a ideia é mesmo propor uma conversa entre texto e imagem, é uma provocação pra despertar os sentidos por outras vias além das palavras, e com esse deslocamento a partir da imagem, abrir a possibilidade de criar outras relações com a poesia.
Seguindo a pista do título, há alguma referência a Kurt Vonnegut? Além da poesia de Ana Cristina Cesar, quais autores e autoras te inspiram?
Sabe que não? Só coincidência mesmo. Não sei se dá pra falar em inspiração, mas muitas coisas além das leituras me movem a escrever e também varia muito ao longo do tempo. Tenho lido principalmente poesia contemporânea e gosto da Angélica Freitas, Alice Sant’Anna, Ana Martins Marques, Matilde Campilho, Tamara Kamenszain.
Você se insere em uma nova geração que está produzindo literatura em Curitiba. Daria para arriscar qual é a cara desse novo movimento? E que leitura poética da cidade você propõe?
Tem muita gente produzindo na cidade e acho difícil dar uma única cara. O que me chama mais atenção é que há muita movimentação coletiva, pessoas se juntando pra ler, escrever, publicar juntas. Isso é potente demais e também movimenta as trajetórias individuais. Talvez daqui há uns anos talvez possamos ter uma ideia melhor de tudo isso. Por ora é seguir fazendo.
Acho que a minha leitura da cidade é buscar as frestas, ver embaixo das pedras, o que tá escondido, deslocado. É andar por ela e sentir o que pulsa em cada canto, e ao escrever isso experimentar como a composição pode se construir.
SERVIÇO | Lançamento de ‘café da manhã com arranha-céus’
Onde: Memorial de Curitiba (Rua Dr. Claudino dos Santos, 79 – São Francisco | Curitiba/PR);
Quando: 21 de outubro, às 17h;
Quanto: Gratuito.
Evento contará com tradução em LIBRAS.
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