Dando prosseguimento à série de textos em que convidamos escritoras e escritores brasileiros a compartilhar um pouco sobre sua relação com a literatura, convidamos o autor Marcelo Maluf.
Paulista de Santa Bárbara D’Oeste, Maluf é graduado em Arte-educação e mestre em Artes, ambos pelo Instituto de Artes da Unesp. Professor de criação literária, venceu o Prêmio São Paulo de Literatura de 2016 por seu romance A Imensidão Íntima dos Carneiros (Editora Reformatório), com o qual ainda foi finalista do Prêmio Jabuti (2016) e da premiação da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), em 2015. Sua bagagem literária ainda carrega o livro de contos Esquece Tudo Agora (Terracota, 2012) e os infanto-juvenis Jorge do Pântano que fica logo ali (FTD, 2008), Meu Pai Sabe Voar (FTD, 2009) e As Mil e uma Histórias de Manuela (Autêntica, 2013), além de contos publicados em antologias e revistas literárias.
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Com vocês, Marcelo Maluf.
Marcelo Maluf
São vários os meus livros de cabeceira. Mas para destacar um, fico com o Sidarta, do Hermann Hesse. Desde meu primeiro encontro com o romance/poema de Hesse, quando eu tinha 17 anos, nunca deixei de tê-lo como uma das obras que mais me inquietaram e me tiraram da zona de conforto. Já o reli pelo menos umas três vezes e sempre é uma nova leitura, um novo encontro.
Desde o tema da espiritualidade oriental que muito me interessa ao dilema humano na busca por compreender a si mesmo e sua jornada, assim como no tratamento com a linguagem, na qualidade de sua prosa lírica unida ao poder de saber como contar uma boa história.
Em geral, a obra de Hesse me interessa muito pelo modo como é carregada de entusiasmo pelos temas que desenvolve, pela aproximação do pensamento ocidental com o oriental, pela densidade filosófica e espiritual, o que está presente em quase todos os seus livros, dentre eles os que mais gosto são Demian, Viagem ao Oriente e O lobo da estepe. Temas que também me interessam e me fazem querer escrever. E, sobretudo, acredito que tenho Hesse como um grande mestre. E se, de alguma maneira, a sua prosa pesa como influência em meu trabalho, creio que seja pela paixão que me despertou como leitor, muito mais do que pelo estudo literário da obra.
No entanto, só pôde haver paixão pela empatia. E, sinceramente, espero poder honrar essa paixão.
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Sabino é um dos nossos grandes prosadores e isso é preciso ser dito. Assim como seus grandes amigos: Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende, Rubem Braga, entre outros.
Difícil pensar nisso. Não me agrada a ideia da leitura obrigatória. Quase toda leitura obrigatória acaba por fazer com que o livro gere alguma antipatia no leitor. E escolher apenas um é uma tremenda sacanagem. Mas para não ser chato e responder efetivamente à questão, eu ficaria com O Grande Mentecapto, do Fernando Sabino.
Talvez por ser um livro despretensioso e que não faz parte do cânone (Machado, Guimarães, Clarice, Graciliano), ao mesmo tempo, é de extrema qualidade literária, escrito com muito humor, aos moldes do romance picaresco medieval. Quando eu o li aos 15 anos de idade, passei toda a madrugada acordado com as aventuras e desventuras de Geraldo Viramundo. Há um poder no livro que é o que chamo de “a leveza hilariante da sabedoria”. Sabino sabe muito bem como acolher o leitor, é certeiro com as palavras, ágil. E, além do mais, se passa numa Minas Gerais mítica. E tudo em Minas é o mundo.
Sabino é um dos nossos grandes prosadores e isso é preciso ser dito. Assim como seus grandes amigos: Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende, Rubem Braga, entre outros. Com a leitura de seus livros desejei também escrever. Sabino foi o meu primeiro mestre imaginário. Suas cartas trocadas com Mário de Andrade, assim como o romance O encontro marcado, foram muito importantes para a minha formação como escritor.
E para concluir, acredito que a leitura de O grande Mentecapto tem a capacidade de atrair tanto jovens como adultos. Enfim, um grande livro que merece ser lido.
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Vou deixar muitas autoras e autores que admiro de fora tendo que citar apenas três da nova geração. Muitos mesmo. Aliás, excelente questão. Mas se tenho essa difícil tarefa, aqui vou destacar os que recentemente mexeram comigo: Estevão Azevedo, Andrea del Fuego e Jacques Fux. São escritores que se aproximam cada um ao seu modo, na busca por narrar e fabular. São ficcionistas de mão cheia.
Em Estevão Azevedo, há um realismo mítico, um tempo bruto e sensível, um lapidar da linguagem, um labor. Sua prosa é intensa e carregada de vidas rudes. Falo aqui do Tempo de espalhar pedras. Um grande romance.
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Em Andrea del Fuego, de Os Malaquias, o mágico conversa com a fábula e a memória familiar, sua prosa é melódica e sensorial. Há imagens em seu texto que são capazes de entrar em nossos sonhos íntimos. Andrea tem esse poder de cavoucar histórias.
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Em Jacques Fux, do Meshugá – um romance sobre a loucura e Nobel, o realismo abraça o humor judaico, seu poder como narrador é o de rapidamente nos colocar naquele estado de suspensão da realidade ordinária para o seu universo ficcional. E tudo com muita ironia e sabedoria.
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Enfim, vale a pena ler também outros livros dos autores citados, assim como de muitos outros contemporâneos, só para citar mais alguns: Paula Fábrio, Rafael Gallo, Marcelo Moutinho, Alex Sens, Marcos Peres, Marcelo Nocelli, Luiz Biajoni, Rodrigo Ciríaco, Sheyla Smanioto, Krishna Monteiro, Felipe Franco Munhoz, Henrique Rodrigues, Maria Valéria Rezende, Santiago Nazarian, Robson Viturino, Cristina Judar, Victor Heringer, Julián Fuks, Micheliny Verunschk, etc, etc, etc…A lista é longa.