A nova literatura brasileira está despontando em uma ótima fase de reconhecimento internacional. E um dos responsáveis por isso é o cearense Stênio Gardel, o primeiro brasileiro a receber o National Book Award, prêmio literário mais importante dos Estados Unidos. Gardel levou a láurea por seu romance de estreia, A palavra que resta (publicado pela Companhia das Letras em 2021), ao lado da tradutora Bruna Dantas Lobato, que o transpôs para o inglês. Na obra – que concorria com nomes reconhecidos, como Pilar Quintana, Mohamed Mbougar Sarr e Fernanda Melchor – ele compartilha a história de um homem que aprende a ler aos 71 anos para poder descobrir o que há em uma carta de amor que recebeu na juventude.
Nascido em Limoeiro do Norte, Stênio Gardel é servidor público do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará e é especialista em Escrita Literária. Em entrevista exclusiva concedida à Escotilha, o escritor comenta sobre o significado deste prêmio internacional e qual são os seus próximos projetos.
Escotilha » Stênio, antes de vencer o National Book Award, A Palavra que Resta já foi finalista de outros prêmios, como o Jabuti e o Prêmio São Paulo. Na sua visão, o que significa para um autor brasileiro ganhar uma láurea internacional?
Stênio Gardel » Primeiro, do ponto de vista pessoal, é uma grande realização, acho que é o maior sentimento que um prêmio dessa envergadura me traz. Espero que a premiação posso também dar visibilidade à literatura de língua portuguesa, em especial à literatura brasileira.
“Acho que a nossa literatura está mais abrangente, mais diversa, do que há alguns anos”
Stênio Gardel
Você esperava que o belo A Palavra que Resta percorresse esse caminho colhendo tantos frutos pelo caminho?
O máximo que eu podia fazer era desejar que o livro tivesse um caminho bonito, chegasse a muitos leitores, mas não dá para saber ou mesmo criar muitas expectativas, principalmente com relação a prêmios. Não conseguiria escrever pensando em ganhar prêmios.
Queria que você comentasse um pouco sobre qual é, na sua visão, a realidade dos escritores brasileiros hoje. Vemos muitas novas obras, editoras e pequenas livrarias nascendo. O país está mais acolhedor a quem escreve?
Acho que a nossa literatura está mais abrangente, mais diversa, do que há alguns anos, tanto com relação aos autores quanto às histórias contadas. Isso, por sua vez, gera interesse e alcance de uma gama maior e também mais diversificada de leitores.
Por fim, queria que você falasse se já tem novos projetos em mente.
No ano que vem vou lançar um livro pela Companhia das Letrinhas. Um cordel chamado Bento Vento Tempo, com ilustrações do grande Nelson Cruz.
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