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‘Daytripper’: O que a morte tem a dizer sobre a vida

Clássico dos irmãos quadrinistas Fábio Moon e Gabriel Bá, ‘Daytripper’ é a mescla perfeita de maestria gráfica e sutileza narrativa.

porLuciano Simão
30 de agosto de 2021
em Literatura
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De toda a infinidade de temas dos quais a arte pode tratar, a finitude da vida é um dos mais fascinantes, complexos e desafiadores. Nas mãos de um artista ou escritor hábil, a morte é capaz de dizer muito mais sobre a vida do que o amor, a paixão, a inveja ou outros sentimentos primordiais do ser humano. Afinal, não há nada mais universal, nada que nos una mais do que o fato de que todos vamos inevitavelmente morrer.

Histórias que falam sobre a morte são fundamentalmente histórias sobre a vida. Ao encarar diretamente a questão da nossa finitude, essas narrativas podem, então, explorar uma infinidade de outros temas adjacentes. Séries como o clássico Six Feet Under, que retrata a vida de uma família proprietária de uma funerária e seus relacionamentos familiares e amorosos, são bons exemplos de como há diversas formas de lidar com a temática da morte, seja com sobriedade ou leveza.

Daytripper, romance gráfico dos irmãos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá, também merece ser incluído no rol de grandes obras contemporâneas que trazem a morte como uma de suas temáticas principais. Ao explorar as múltiplas mortes de um mesmo protagonista para retratar a complexidade da sua vida, a história suscita a grande questão: quantas vidas alternativas vivemos em uma só?

Irmãos à obra

Fábio Moon e Gabriel Bá são dois dos maiores nomes brasileiros dos quadrinhos, tanto no mercado doméstico quanto no exterior. Vencedores do Prêmio Eisner, a mais reconhecida premiação do mundo das HQs, os irmãos têm um extenso currículo de sucesso no mercado extremamente competitivo das graphic novels. Publicada pelo selo Vertigo, da DC Comics, Daytripper é uma obra que realça toda a essência brasileira dos autores, mas que nasce já pensada para o público internacional dos irmãos.

O protagonista da história é Brás de Oliva Domingos, filho de um renomado romancista cujo sucesso é ao mesmo tempo fonte de inspiração e temor. Brás nutre sonhos de seguir os passos do pai no mundo das letras, mas se vê preso na função de redator de obituários em um grande jornal de São Paulo. A morte está presente no dia a dia de Brás como o álcool está presente no trabalho de um barman. Frustrado, comenta com seu melhor amigo: “Eu, que queria escrever sobre a vida, hoje só escrevo sobre a morte”.

Daytripper é uma obra que realça toda a essência brasileira dos autores, mas que nasce já pensada para o público internacional dos irmãos.

Justamente quando pensamos que a narrativa seguirá um caminho reconhecível, voltado ao realismo, o primeiro capítulo culmina com a morte trágica do protagonista em um assalto violento no centro da capital, com direito ao seu próprio obituário. É então que um elemento onírico adentra a narrativa: longe de ser uma linha de chegada, a morte é apenas o ponto de partida para Daytripper.

Cada capítulo seguinte representa um estágio diferente da vida de Brás, da infância à velhice, e todos culminam na sua morte, seja eletrocutado ao tentar retirar uma pipa do poste quando criança ou afogado na juventude durante as celebrações a Iemanjá em Salvador. Qual dessas mortes é a verdadeira? Qual é o desfecho real da trama? Existe resposta? Pouco importa.

Moon e Bá apresentam páginas visualmente irresistíveis, com cores vibrantes que saltam do papel
Moon e Bá apresentam páginas visualmente irresistíveis, com cores vibrantes que saltam do papel. Imagem: Reprodução.

O gráfico e o textual

A estruturação dos capítulos de forma não-cronológica contribui para o ar de sonho (ou, se preferir, de pesadelo) da narrativa, que mesmo assim não chega a perder o realismo onde é mais essencial. Peça a peça, cada leitor terá construído um retrato diferente da vida de Brás de Oliva Domingos ao término da narrativa, tornando a leitura de Daytripper um ato intimamente pessoal.

Além da componente textual, as histórias em quadrinhos são uma forma de arte híbrida que dependem também do elemento gráfico para alcançarem o máximo efeito artístico de que o meio é capaz. Em Daytripper, Moon e Bá não deixam a desejar e não perdem a oportunidade de demonstrar seu imenso talento gráfico a cada página.

Com maestria, os autores fazem uso de cores fortes e aquareladas que contribuem para a atmosfera onírica da obra. As personagens são facilmente distinguíveis, com feições fortes que transmitem muitas informações de forma silenciosa, apenas por meio de suas expressões, gestos, vestimentas e olhares. Retire as falas e a narração e ainda será possível entender muito do que está acontecendo, o que atesta a força da componente gráfica do livro.

Assim como existem infinitas formas de lidar com a vida, Daytripper demonstra que há inúmeras formas de encarar a própria morte. No fim das contas, morte e vida são uma coisa só, e é com essa consciência que Fábio Moon e Gabriel Bá apresentam uma obra que parece saber de tudo isso — e muito mais.

DAYTRIPPER | Fábio Moon e Gabriel Bá

Editora: Vertigo;
Tamanho: 256 págs.;
Lançamento: Abril, 2018.

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Tags: book reviewcrítica literáriaDaytripperDC ComicsFábio MoonGabriel BáGraphic novelshistórias em quadrinhosHQHQsliteraturaresenhaSix Feet UnderVertigo

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