A editora Hipotética, de Porto Alegre, está com um novo projeto focado em quadrinhos. O “Girl Power Trio” reúne três livros de quatro autoras – Coco Moodysson, da Suécia, Maco, do Uruguai, e Barbi Recanati, da Argentina, e Power Paola, do Equador – ainda inéditos no Brasil.
Os livros estão já sendo vendidos desde o dia 5 de julho por meio de um financiamento coletivo, que fica aberto até o dia 22 de agosto. O nome do projeto, Girl Power Trio, mistura “girl power” (movimento musical dos anos 90, que tinha como principal nome Kathleen Hanna, da banda Bikini Kill) e “power trio” (uma brincadeira com as formações de bandas de três integrantes – geralmente baixo, guitarra e bateria).
Com este título, chega ao Brasil as três obras. Maco apresenta um passeio surpreendente em Aloha, por meio de uma narrativa gráfica silenciosa e surpreendente, em uma HQ em preto e branco de 64 páginas, com tradução de Iriz Medeiros. Já em Deusas do Rock, Barbi Recanati e Power Paola traçam 48 perfis de mulheres da música fundamentais na história do rock, com tradução de Leticia Ribeiro Carvalho. Por fim, em Boa Noite Jamais, Coco Moodysson (estreante no país) conta uma história autobiográfica ocorrida nos anos 1980 na Suécia, repleta do espírito punk – a tradução é de Guilherme da Silva Braga.
Sobre as autoras
“Girl Power Trio” apresenta o trabalho de quatro autoras e quadrinistas que vem produzindo projetos de destaque no universo das HQs. Maco é uruguaia, nascida em Montevidéu em 1987. Desenhista autodidata, começou a publicar seus trabalhos em 2011. Já Barbi Recanati é musicista, compositora e produtora de rock, indicada duas vezes ao Grammy Latino. Nasceu em Buenos Aires em 1986. Também participa da rádio Futurorock e do selo feminista Goza Records, que promovem projetos ligados à igualdade de gênero na cena musical.
Power Paola é equatoriana, natural de Quito, nascida em 1977, mas cresceu na Colômbia, onde se graduou em artes. Publica tiras, fanzines e livros – entre eles, Todas as bicicletas que eu tive, lançado no Brasil pela editora Lote 42. Por fim, Coco Moodysson nasceu em Estocolmo em 1970. Com forte influência do punk e do pós-punk, ela publica HQs autobiográficas desde 1988, compartilhando suas experiências na adolescência. Boa Noite Jamais é sua primeira HQ lançada no Brasil, e foi transformada em filme em 2013, no longa Nós Somos as Melhores!, de Lukas Moodysson.
A editora Hipotética
A editora Hipotética é uma iniciativa de Fabiano “Oggh” Denardin e Iriz Medeiros. Ela deriva da galeria Hipotética, que existiu em Porto Alegre durante cinco anos, e que foi o projeto anterior dos dois sócios. Antes de abrir a Hipotética, ambos já tinham vasta experiência em edição (Denardin é editor sênior da Mythos Editora, e Iriz é preparadora de texto, tradutora e revisora freelancer). Mais tarde, uniu-se a eles o editor Lielson Zeni.
Iniciada em 2022, a editora tem a proposta de publicar obras relacionadas aos universos das artes, biografias, e com visões críticas à realidade do mundo em que vivemos. Eles se juntaram a outros parceiros para dar conta de todas as especialidades, e lançaram, ainda em 2022, a HQ Um Lugar do Caralho, de Thiago Krening, que fala da icônica Boate do DCE, em Santa Maria (RS).
“Nunca tivemos tantas editoras de quadrinhos no Brasil como hoje”.
Fabiano “Oggh” Denardin
Segundo Denardin, a editora se insere em um segmento que é muito vasto no Brasil. “Não existe um público homogêneo de quadrinhos. Há públicos diversos: os que gostam de super-heróis, terror, true crime, quadrinhos latino-americanos, os infantis, os mais teens, o mangá, as graphic novels… Então esse é um nicho que tem potencial. Nunca tivemos tantas editoras de quadrinhos no Brasil como hoje”, pontua.
Este ano, a Hipotética já lançou Nick Cave: Piedade de Mim, biografia em quadrinhos do cantor Nick Cave, de autoria de Reinhard Kleist. O livro – que também teve financiamento coletivo e bateu todas as metas – se encaixa no que Denardin diz ser o caminho da editora. “O livro do Nick Cave foi o primeiro que financiamos, ainda em 2018. Nós temos algumas linhas definidas para a editora: a relação com a música e a afinidade com o punk enquanto temática política e anti-sistêmica, por exemplo, que também segue com a linha que mantínhamos antes com a galeria”, explica.
Entre os próximos projetos da Hipotética, está o de lançar mais artistas, incluindo os que já têm relação com o projeto dos sócios desde a época da galeria. “A meta é conseguir chegar a uns 6 lançamentos por ano”, conclui Denardin.
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